A300 – Minha primeira experiência no primeiro Airbus

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O A300 foi primeiro avião da Airbus e o primeiro widebody bimotor da história. Demonstrou o obsoleto que era a configuração tri-motorizada do DC-10 e Tristar, seus contemporâneos. Contudo os primeiros tempos foram complicados com poucas vendas mesmo nos países do consórcio inicial. No qual não se inclui o Reino Unido que decidiu apoiar o projecto, inteiramente financiado pela Hawker Siddeley. Por um lado foi positivo porque o que quase destruiu a indústria da aviação civil inglesa foi o foco obsessivo no limitado mercado doméstico. É interessante apontar que o motor que fez descolar o primeiro A300 em 1972 foi o General Electric CF6, e que apenas a Pratt&Whitney se juntou. O A300 teve aceitação no mercado norte americano, com encomendas da Eastern Airlines e da American a totalizarem cerca de 10% de toda a produção. A American Airlines fez a maior encomenda da História, e foi o maior operador de A300 de passageiros a nível mundial, e a sua conterrânea FedEx lidera na versão carga.

O modelo inicial era o A300B1, materializado num protótipo vergonhosamente sucateado pela própria Airbus e outro que acabou desmantelado em Zaventem após uma vida nobre como charter na TEA. Foi rapidamente modificado, esticando a fuselagem um par de metros, e o A300B2 tornou-se a versão de produção. No início da década de 80, com a versão B4, o A300 voltou a fazer história ao ser o primeiro widebody com cockpit de 2 tripulantes. Foi também o primeiro avião a receber certificação ETOPS. Produziram-se 878, incluindo a versão de cargar e o irmão mais pequeno A310 (ou A300B10).

Em Portugal não houve nenhum A300 registado, mas em Lisboa era frequente ver os da Lufthansa, até 2007 a fazer a rota de Frankfurt (FRA).

A primeira vez que meti os pés dentro de um foi no verão de 2004. Era um Nice-Frankfurt-Lisboa na Lufthansa, de regresso para férias. A primeira leg até Frankfurt correu perfeitamente. Até que o mau tempo fechou o aeroporto durante uma hora. Retomaram quase todos os voos…menos o nosso. Segundo a LH a tripulação do novo voo ficou retida noutro sítio, e como era devido ao mau tempo, pela lei não havia hotel nem qualquer tipo de compensação (e ainda há quem diga que isto é comportamento exclusivo e standard das low cost). Ofereciam-se para marcar hotel para nós (paguei 70 euros e ainda o mau humor de um taxista asiático por cobrar 10 euros para fazer 5 minutos de viagem ao hotel) e para colocarem-nos noutro voo. Quando vejo o meu voo, fiquei branco. Era via Zurique e eu nem passaporte tinha (nem fazia ideia que a Suíça tinha aderido ao pacto Schengen). No dia a seguir lá vou embarcar para Zurique, com pouca expectativa de voar nalgum avião interessante dado o tempo de viagem estimado de 50 minutos.

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Ao embarcar – pela segunda das duas mangas que encostavam no avião – dou por mim dentro uma cabine larga e com bancos confortáveis, que luxo para uma rota tão minúscula, só aí me apercebi que estava dentro de um A300. Consultando a revista constato que éramos 246 a bordo (58C/188Y), dado que estava cheio. A descolagem foi excelente, ia leve, saiu do chão num instante e subiu com pujança.

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Ao chegar a Zurique Kloten estacionamos numa zona remota do aeroporto, maravilha. Qualquer verdadeiro entusiasta prefere embarcar e desembarcar por autocarro, especialmente no caso de um widebody, faça chuva, faça sol, esteja frio ou calor. Só ali se pode apreciar a dimensão do bicho, a graciosidade da fuselagem, e o que anda à volta, e tirar fotos à socapa. Só ali pude apreciar o enorme e elegante A300-603 D-AIAR chamado “Bingen am Rhein”, denominado a partir de uma cidade perto de Frankfurt, agora a voar no Irão

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Conhecia o A310, tendo voado nos da TAP, e não sei porquê estava convencido que o A300 era mais pequeno (na realidade 8 metros mais comprido).

 

Que sorte ter sido o mau tempo a proporcionar a experiência, mesmo tendo chegado a Lisboa já a meio da tarde no Sábado e sem mala. Fiquei fã deste modelo, embora convencido que nunca mais andaria nele. Mas não perdi pela demora, voltei a andar de A300 na Lufthansa mais três vezes, dois voos LIS-FRA e um FRA-LIS (A300-605 D-AYAK em 2006). A vez seguinte foi duas semanas depois no regresso a Nice, no A300-605R D-AIAY, inicialmente da Emirates e agora na Mahan Air. O A300 da LH estacionava quase sempre na manga da Porta 7, a primeira do terminal 1, e não me lembro de ver mais nenhum widebody estrangeiro na zona Schengen.

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Na Madeira então é que nem vê-los. Mas eis que a Hapag Lloyd, em 2006, decide trazer um “cravado” à Lufthansa à Pérola do Atlântico Tenho este registo do A300-605R D-AIAX a 28 de Fevereiro de 2006. Hoje voa na Mahan Air tal como os referidos anteriormente.

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Em 2014 faria a despedida do último A300 de passageiros europeu. Mas isso é uma história gira por si só e fica para outro dia.

 

 

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