Acontece regularmente recebermos convites na nossa redacção para eventos que acontecem um pouco por todo o mundo. Desde a aviação comercial, geral ou militar, é raro a semana que não aparece aquele bilhete para a aventura.
Mesmo com uma equipa limitada, e budget apertado ao máximo, típico que qualquer empresa “startup” temos achado alguma disponibilidade para poder cobrir aqueles que achamos ser os eventos mais importantes e que trazem mais conteúdo editorial importante e essencial para os nossos leitores.
Foi assim que na manhã do passado dia 3 de Junho caiu na nossa redacção um convite da Adria Tehnika da Eslovénia.
Comemora no dia 10 de Junho 5 anos de existência e o bonito numero de 1000 aviões intervencionados.
Com um membro da equipa no Brasil, e com pouca margem logística, agradeci o convite, e pedi que nos enviassem o resumo do evento e fotos que teríamos muito gosto em celebrar com os nossos leitores, em português, esse importante marco na história da Adria.
Do outro lado não aceitavam não como resposta. Tudo fariam para ter uma equipa de reportagem da NewsAvia no evento.
Pouco depois telefonava a simpática Petra, que nos reforçava a ideia pessoalmente. Tratamos de tudo, não se preocupem! Dizia a Petra. Será um dia bem passado, inclusive mostramos-vos alguns marcos turísticos da Eslovénia, arranjamos a viagem, hotel e shuttle, não se arrependerão.
Estava rendido!
Liguei de seguida ao André Garcez, uma aventura destas não fazia sentido sem as suas incríveis fotos. Sabia que estava a cobrir a chegada do DC-3, mas mesmo assim atendeu:
“Olha que loucura, o Dakota, fez uma rapada à pista de Cascais, tiramos umas fotos brutais. O avião é lindo, havias de estar aqui! E o barulho?”
“Mas diz-me, está tudo bem contigo, o que se conta?”
Estava bem, até perceber a emoção que se passava do outro lado, eu queria era estar em Cascais….
“Tudo André! Olha vamos a Ljubjiana?”
“Boa! Vamos embora. Sabes, cheira-me que hoje vou voar de DC-3”
“Não acredito! A sério? Tira umas fotos do interior e do cockpit, os nossos leitores não podem perder isso! “
“Check! Olha onde fica isso? “
“Eslovénia, vamos a convite da Adria Tehnika”
O André além de ser um brilhante fotográfico de aviação é também dono de um “know-how” impressionante. Sabe tudo sobre qualquer frota, comercial ou militar e os seus modelos, deveras impressionante.
“Olha provavelmente vamos voar Bombardier, impecável!”
“Ok, vou confirmar com a organização”
“ Mas também tem A319 na frota”
“Falamos logo, eu depois confirmo horas”
“Vá, vai trabalhar que eu vou voar de DC-3”
“Abraço, só acredito vendo”, terminei o telefonema a sorrir mas cheio de inveja.
Foi assim começou esta nossa aventura.
Saímos de Lisboa, no dia 9 de Junho na melhor companhia possível, no voo TP 574, num A319 com o registo CS-TTP com destino a Frankfurt. Aos comandos o Comandante Nuno Melo, fazendo equipa com o primeiro oficial para este voo André Carvalho.
Descolamos da 03 no melhor local possível no “jump seat”, para uma ascensão tranquila até os 37 mil pés nossa altitude de cruzeiro directo a Frankfurt.
No cockpit o André esmagava o botão do obturador da pequena mas poderosa SONY ILCE-6000 que trouxemos para testar nesta aventura, enquanto o A319 acendia aos céus de Portugal a 260 Kts.
Dois dedos rápidos de conversa no cockpit depois de chegarmos à altitude de cruzeiro e voltamos para os nossos lugares onde o Chefe de Cabine Alexandre brindou-nos com um belo pequeno almoço, com direito a cerejas do Fundão.
Frankfurt
Na chegada a Frankfurt com o co-piloto André Carvalho aos comandos a aterragem foi tranquila, e bem travada de modo a sairmos no taxiaway Mike e deixarmos a pista livre, a pedido do ATC. Este “expedite runway exit” não serviu de nada pois acabamos por ter de circundar todo o aeroporto internacional de Frankfurt. Vinte minutos de táxi até ao nosso slot, uma delicia para mim e para o André, não tão bom para os restantes passageiros na pressa normal da chegada para negócios, férias ou ligações.
747-8, A350, muitos A380, o que não faltava eram motivos para estarmos os dois colados aos vidros, depois de arranjarmos o melhor “spot” do aeroporto.
Munidos com os bilhetes da Adria Airways, dirigimo-nos para a porta de embarque, e seguimos para o avião. Para o comum dos mortais a viagem para o avião não passa de uma seca num autocarro. Para nós é uma autêntica viagem de “sightseeing” gratuita. Melhor não se pode pedir!
Chegamos ao nosso avião, um Bombardier CRJ900 com o registo S5-AAK (MSN 15128) uma aeronave com 8 anos e em óptimas condições configurada para 80 lugares em turística e 10 em executiva.
Fomos recebidos a bordo por um simpático casal esloveno, que imediatamente nos reconheceu e nos dirigiu para os nossos lugares na executiva.
Na cabeceira para a pista adensava-se a quantidade de aviões em hold para levantar. À nossa frente o mítico MD-11 da Lufthansa Cargo.
Estremecemos todos a bordo do pequeno CRJ, assim que a “besta” trimotor aplicou o full throttle. Que bela descolagem!
Avançamos logo a seguir da espera devido à esteira de turbulência do “heavy” para uma viagem tranquila.
Enquanto nos mimavam, e trocávamos ideias depois de ter lido a revista de bordo, já era altura de descer. Afinal a ligação é de cerca de cinquenta minutos.
Descemos a circundar as montanhas de Ljubjiana, uma aproximação a fazer lembrar Zurique, na Suíça mas com mais elevações, muito espaço verde cultivado e pouca concentração demográfica.
Foi com uma aterragem perfeita, quase nem a sentimos (difícil num CRJ), que nos despedimos da tripulação e pilotos. Ali ao nosso lado já corria a azafama da preparação do evento no hangar da Adria Tehnika. Estavam 29 graus, e no horizonte uma célula activa que já tínhamos circundado na nossa descida para a pista 30 do “Aerodromme Ljubjiana”
O que fazer na Eslovénia?
Com um shuttle especial à porta do pequeno e agradável aeroporto seguimos para o nosso hotel.Um deslumbrante resort a poucos quilómetros do aeroporto. Chama-se BRDO.
À chegada uma azafama na porta de um dos elevadores, no piso da recepção. Estava um dos jogadores da selecção eslovena (que pelo resort estagiam em preparação do jogo com Inglaterra para apuramento do Euro) preso no seu interior.
Enquanto resolviam o nosso check-in, já todos os jogadores da selecção se reuniam à volta do elevador, não para ajudar o funcionário do hotel que tentava abrir a porta (muito atrapalhado com toda a situação), nem o colega preso, mas para se juntarem à rambóia que entretanto se montava, com todos a gozarem com o colega.
A tempestade
A célula estava agora por cima do nosso hotel, tínhamos planeado ir a um restaurante de referência perto do hotel a pé aproveitando a deslumbrante paisagem. Trovoou e choveu a potes!
Enquanto esperávamos pelo acalmar da situação um shuttle de tripulação parou na porta do hotel.
De lá saltam dois pilotos e uma tripulante. Metemos logo conversa:
“Apanharam este mau tempo?”
Ao que o Comandante respondeu:
“Tivemos de esperar 20 min, por causa da visibilidade, até granizo caiu na pista”
Olhamos para o condutor e percebemos que poderia ser o nosso bilhete para o restaurante, foi com um sorriso disse-nos que nos levava lá. Hospitalidade eslovena, Check !”
Chegamos ao restaurante debaixo de trovoada e muita chuva, e fomos recebidos pelo dono Kristof. Chama-se o restaurante do Kristof, em eslovaco : Gostilna Kristof.
Recomendamos vivamente esta experiência. Fica aqui o link para que possam guardar esta sugestão.
De regresso ao hotel, decidimos enfrentar o malvado elevador, e sem “check-list” antes da descolagem carregamos na tecla 2. Um pequeno solavanco, e uma foto para a história (caso ficássemos presos) que só serviu para colocar neste artigo.
Foi uma viagem tranquila até ao segundo andar. Estamos desejosos por ver o que o “programa de festas” nos reserva para amanhã.
Ah! O André, naquele dia, sempre voou no DC-3. Uma experiência memorável que partilhamos com os nosso leitores nesta reportagem (Link)
Fotos: André Garcez / NewsAvia
Fotos exclusivamente captadas pela SONY ILCE-6000 cedida à equipa NewsAvia pela Sony Portugal
Que lugar lindo, hein! E a ida a FRA de jumpseat de brinde, ficou perfeito! Grande abraço!