As 11 companhias aéreas que vão reforçar operações no Aeroporto Internacional Francisco Sá Carneiro, na cidade do Porto, vão garantir um acréscimo de 36.700 lugares semanais, na próxima temporada de Verão IATA (27 de março a 30 de outubro). Descontando os cortes das companhias portuguesas TAP e SATA Internacional, o Porto ganha 27.500 lugares.
Os dados foram divulgados nesta quarta-feira, dia 17 de fevereiro, pelo ‘Jornal de Notícias’, que se publica na cidade nortenha, e que faz desta matéria a manchete da sua edição impressa.
O trabalho publicado vem na sequência da polémica que foi espoletada pelo presidente da Câmara Municipal do Porto, depois da notícia de que a TAP Portugal irá cancelar quatro rotas europeias à partida daquele aeroporto: Milão/Malpensa, Bruxelas/Zaventem, Barcelona/El Prat e Roma/Fiumicino.
Esta supressão de rotas significa que vai haver um corte de oito mil lugares por semana oferecidos pela TAP a partir do Porto. Também a SATA Internacional, companhia portuguesa com base na Região Autónoma dos Açores, vai reduzir 1.200 lugares. Contudo, com o anunciado acréscimo de 36.700 lugares a partir do Verão de 11 outras companhias aéreas, o aeroporto do Porto vai ganhar 27.500 lugares por semana.
Os dados divulgados pelo ‘Jornal de Notícias’ explicam que o reforço de lugares será conseguido, na sua grande maioria, através da intensificação da oferta das companhias aéreas de baixo custo que desde há alguns anos estão baseadas no aeroporto da cidade do Porto.
Assim, a britânica EasyJet proporcionará um reforço de 10 mil lugares, a espanhola Vueling prevê oferecer seis mil e a irlandesa Ryanair deverá acrescentar quatro mil passageiros à sua oferta semanal, tantos quantos a Transavia, operadora holandesa detida pela KLM-Air France.
A companhia de bandeira alemã, Lufthansa, vai acrescentar 2.800 lugares, a British Airways colocará mais 2.500 e, tanto a francesa Aigle Azur como a Turkish Airlines prevêem transportar mais dois mil passageiros a partir do Verão.
Atitude da TAP contestada no Norte de Portugal
O jornal destaca que este aumento de oferta em lugares de avião resulta do esforço pessoal do presidente da câmara municipal, Rui Moreira, que, nas últimas semanas, se tem multiplicado em contactos com diversas entidades para recuperar e aumentar o número de ligações aéreas para o exterior com base na cidade nortenha.
A contestação à decisão da TAP tem sido manifestada também por diversas associações e entidades empresariais do Norte de Portugal e de Espanha, nomeadamente da Galiza, pois os galegos utilizam com frequência o Aeroporto do Porto para saírem para o exterior.
A TAP, que vai lançar no próximo dia 27 de março uma ‘Ponte Aérea’ entre Lisboa e o Porto com uma média de 11 voos diários, explicou que os cancelamentos anunciados decorrem do fato desses voos, embora com boas ocupações, serem comercialmente prejudiciais para a companhia que registava anualmente um prejuízo de mais de oito milhões de euros.
Em análise estão ainda os voos regulares que partem do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, para Newark (Estados Unidos da América), Rio de Janeiro e São Paulo (Brasil) e para Caracas (Venezuela). Tudo será conhecido logo que a TAP revele a nova programação de voos para as rotas intercontinentais, com algumas mudanças e acréscimo de destinos, que está a ser trabalhada juntamente com a companhia brasileira AZUL, e que deverá ser conhecida nas próximas semanas.
Ryanair disponível para voar nas rotas abandonadas pela TAP
Em relação ao Aeroporto do Porto há ainda um novo elemento de interesse que é o da companhia de baixo custo Ryanair ter anunciado na terça-feira, dia 16 de fevereiro, em Lisboa, durante a apresentação do seu calendário de Inverno para 2016-2017, que irá estudar, rapidamente, a proposta de um acréscimo de voos nas rotas europeias agora abandonadas pela TAP à partida do Porto.
Entretanto a companhia irlandesa já garantiu o reforço da oferta em três das rotas que a TAP vai suprimir: Bruxelas/Zaventem, que é o principal aeroporto da cidade belga, e para Charleroi; Milão/Bérgamo, aeroporto secundário da cidade (a TAP voa para Milão/Malpensa, com mais interesse para o sector empresarial do Norte de Portugal) e Barcelona/El Prat, aeroporto principal da capital da Catalunha.
Sobre este assunto das rotas que serão fechadas pela TAP no final desta temporada de Inverno IATA, o presidente da Câmara do Porto, será recebido, em Lisboa, pelo primeiro-ministro português, António Costa. Rui Moreira considera que dado o fato do Estado Português ter recuperado 50% do capital da TAP, isso obriga a companhia a ter presença em rotas essenciais para o desenvolvimento económico do País, nomeadamente para as suas exportações, e naquelas onde se verifica uma maior densidade de emigrantes portugueses. É essa disponibilidade que Rui Moreira pretende ouvir do Chefe do Executivo em Lisboa, já que, entendeu-se desde há algum tempo, que não há diálogo com os responsáveis pela TAP, companhia que na terça-feira, dia 16, Moreira apelidou de “objecto voador não identificado”…