Air India volta para o controlo dos filhos do seu fundador 68 anos depois

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A Air India, companhia aérea nacional da Índia, propriedade do Governo, foi vendida ao Grupo Tata, o maior conglomerado económico do país, e cujo fundador, J. R. D. Tata, foi também, em 1932, o fundador da empresa, então denominada Tata Airlines.

A empresa tinha sido nacionalizada em 1953, passando por 68 anos de gestão pública, que a arrastou para uma situação económica de grande debilidade e até de imprevisibilidade quanto ao futuro. Antes da pandemia de covid-19, a Air India teve uma década de consecutivos prejuízos que somavam uma dívida de oito mil milhões de dólares (6,92 mil milhões de euros). Atualmente a dívida situa-se nos 9,5 mil milhões de dólares (8,22 mil milhões de euros), por que, naturalmente, os últimos dois anos não foram melhores, devido às contingências impostas pela pandemia.

O anúncio foi feito nesta sexta-feira, dia 8 de outubro, pelo Governo da Índia, que tinha colocado à venda a companhia pela melhor proposta que fosse apresentada. Sabe-se que o Grupo Tata, que, entretanto, já é dono de outras duas companhias aéreas, apresentou a melhor proposta avaliada em 2,4 mil milhões de dólares (2,08 mil milhões de euros ao câmbio deste dia). Segundo revelou a imprensa indiana o maior concorrente foi o magnata Ajay Singh, fundador da companhia aérea SpiceJet.

Não são conhecidos para já os termos da aquisição do negócio da Air India, nomeadamente se o Grupo Tata assumirá toda ou parte da dívida, que poderá ser menor se o Governo prescindir do que está para pagar de impostos, taxas e contribuições ao Estado.

A Air India tem uma frota de 130 aviões, no médio e longo cursos, e um ativo de muitos milhares de pilotos, assistentes de bordo e muitos profissionais (total de 14.000) em diversos departamentos da empresa, cotados entre os melhores do país. Este pode ser um grande desafio para os novos proprietários já que terá, indiscutivelmente, de reestruturar toda a sua força de trabalho. Está constituída em holding, que integra outras empresas subsidiárias, sendo as mais importantes a India Express, que se dedica a mercados internos e que voa para aeroportos de segunda linha, e a AISATS, empresa de handling de carga e passageiros que atua nos aeroportos da Índia.

Outro ativo bastante importante é a rede de slots que a companhia tem, não só na Índia, com cerca de 6.000 faixas horárias atribuídas, como também no estrangeiro (cerca de 900), nomeadamente no Reino Unido e Estados Unidos da América.

Minutos após a aquisição, o presidente emérito do conglomerado ‘Tata Sons’, Ratan Tata, colocou na sua conta no ‘Twitter’ uma imagem do fundador e antigo presidente da empresa, JRD Tata, estando a fundo um avião Boeing 747 da Air India, e respectiva tripulação, no início da década de setenta do século passado.

O Grupo Tata já controla duas companhias aéreas na Índia, negócios que estabeleceu muitos anos depois de estar desligado da Air India: a Vistara, uma companhia aérea de serviço completo e com serviço de bordo de grande qualidade, em parceria com a Singapore Airlines, e a AirAsia India, uma companhia de baixo custo em parceria com a ‘Malaysia AirAsia Bhd’, holding liderada pelo empresário malaio de ascendência portuguesa Tony Fernandes.

Pode estar em perspectiva uma fusão de todo o negócio, se bem segmentado tendo em conta os níveis de clientela de cada marca. A Índia, um país com uma população estimada em cerca de 1,380 mil milhões de habitantes, estando em segundo lugar mundial, a seguir à China (cerca de 1,45 mil milhões). As Nações Unidas e as agências internacionais acreditam que, numa situação de tráfego e fluxos de viajantes normalizados, é na Índia que a aviação comercial mais crescerá até 2030.

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