O presidente executivo da companhia aérea estatal venezuelana Conviasa, Ramon Velásquez Araguayán, anunciou nesta quarta-feira, dia 1 de janeiro, que o único avião de longo curso propriedade da empresa, vai reiniciar em breve voos de longo curso, depois de ter sido alvo de uma profunda revisão técnica por parte do pessoal técnico da companhia, em Caracas.
Numa mensagem publicada na sua conta pessoal do Twitter, Ramon Araguayán diz que o Airbus A340-200 da Conviasa foi recuperado em tempo recorde e que voltará em breve aos voos de longo curso.
A companhia venezuelana é uma das poucas no mundo que ainda integra na sua frota um avião quadrimotor A340-200. O avião da Conviasa, matrícula YV1004, chegou à companhia em março de 2007. É um dos mais antigos, com o número de série de fabrico (msn 31). Fez o voo inaugural em 23 de julho de 1993, altura em que foi adquirido pela Air France. Passou depois pela Air Tahiti NUI (1998), Air Bourbon (2003), e Air Europa (2005) antes de chegar à Conviasa em 2007. Este avião é também um dos poucos A340, da versão 200, que ainda estão ao serviço de uma transportadora aérea comercial. Em março deste ano completa 27 anos de existência.
Depois de entrar na companhia venezuelana esta aeronave tem tido uma atividade atribulada, muito ao sabor das convulsões político-sociais que o País tem enfrentado nas últimas décadas. De 2013 a 2014 o A340-200 da Conviasa esteve cerca de um ano estacionado num aeroporto francês, onde foi sujeito a uma grande revisão. Um tempo demasiado, mas que ficou a dever-se ao facto da Venezuela não ter disponibilizado as divisas necessárias para pagar a reparação a que o aparelho tinha sido sujeito.
Depois andou desaparecido, supostamente alugado ou ao serviço de países amigos do regime de Maduro (Irão ou Síria), segundo referiram então fontes diplomáticas no Ocidente, citadas pela imprensa internacional, até que regressou, mas com algumas anomalias ou avarias que não permitiam a sua normal operação.
Nesse entretanto a Conviasa chegou a operar voos de longo curso com recurso a aviões alugados a empresas de leasing portuguesas e espanholas, mas que também suspendeu nos últimos anos. A Malásia também alugou aviões para os voos intercontinentais programados pela Conviasa, em 2013 e 2014.
O anunciado regresso do A340-200 surge numa ocasião em que se verifica na Venezuela uma grande atividade de recuperação das frotas das companhias aéreas nacionais, nomeadamente da Conviasa, com a reabilitação de mais de uma dezena de aviões Embraer E190, dos 20 adquiridos novos ao Brasil desde 2012, e também de modernização dos aeroportos e sistemas de controlo e segurança aérea do País, o que tem sido largamente divulgado (publicitado) com posts diários nas contas das redes sociais dos políticos e executivos que tutelam os serviços governamentais relacionados com a aviação e aeroportos.
A Conviasa (Consorcio Venezolano de Industrias Aeronáuticas y Servicios Aéreos) foi criada em 2004 para substituir a extinta VIASA, que foi uma das melhores companhia aéreas da América Latina e referência no serviço ao passageiro no continente americano.
Criada em Novembro de 1960, a Viasa foi privatizada na década de 90 tendo a companhia espanhola Iberia ficado com 60% do capital. O negócio não correu bem. A Guerra do Golfo e outras dificuldades económico-financeiras de então lançaram a companhia na falência, tendo sido extinta em 1997. Um encerramento que nunca foi bem aceite, pois os trabalhadores, nomeadamente os pilotos, sempre contestaram o processo seguido pela Iberia, então com a proteção do Governo de Venezuela que detinha 40% do capital.
Nos anos seguintes todo o tráfego aéreo comercial esteve nas mãos de empresas privadas, até ao aparecimento da nova estatal Conviasa, em 2004, criada pelo então Governo Bolivariano, liderado por Hugo Chávez Frias.