Airbus A340-200 da Conviasa regressou (finalmente!…) a Venezuela

Data:

https://arabaviationsummit.net/spot_img

Depois de mais de um ano de ausência regressou ontem, dia 16 de Outubro, ao Aeroporto Internacional Simón Bolívar, em Maiquetia, o Airbus A340-200 da Conviasa, companhia de bandeira da Venezuela, de capitais estatais, que é controlada pelo Ministério do Poder Popular para o Transporte Aquático e Aéreo (MPPTAA).

Esta aeronave, a única de longo curso da companhia estatal venezuelana, tem o registo YV1004 e foi adquirida em 2007, já com 14 anos de serviço, tendo aberto as linhas regulares de Caracas para Madrid (Espanha) e Buenos Aires (Argentina).

Com a evolução da dita Revolução Bolivariana, empreendida pelos Governos liderados pelo falecido Presidente Hugo Chávez, o avião foi desviado para uma linha considerada absurda, em termos comerciais, que fazia a ligação entre Caracas e Teerão, capital do Irão, com escala técnica em Damasco, na Síria. Uma rota que prendia o avião três dias e que apenas servia interesses relacionados com a indústria do petróleo. Revelou-se bastante penalizadora para a companhia, já que por essa decisão foi obrigada a abandonar outras rotas mais rentáveis, nomeadamente na Europa e para países do Mercosul.

O problema maior surgiu quando o A340-200 teve de voltar a uma revisão de maior envergadura em que foi necessário investimento para o qual a Conviasa não estava preparada. Pelo meio de todo este processo reconhece-se o esvaziar de competências ao nível da liderança da companhia aérea, focada mais nas necessidades emanadas de uma agenda político-partidária e sem autonomia para resolver os reais problemas conjunturais da Conviasa.

Desta forma o A340-200 ficou ‘preso’ em Bordéus, França, mais de um ano, numa estação de reparação certificada pela Airbus, onde deve ter entrado em Maio de 2013. O avião, que é um dos mais antigos A340-200 ainda em utilização, foi ‘libertado’ e chegou ontem, dia 16 de Outubro, a Caracas. Na chegada teve honras de ‘avião novo’, com conferência de imprensa na qual o presidente da companhia explicou que a aeronave regressava de uma inspecção e revisão mais demorada de acordo com os procedimentos da Airbus para este tipo de avião…

O que, na verdade, se pode comprovar agora é que o avião aterrou em Maiquetia, com bom aspecto, e preparado para continuar a voar. A Conviasa anunciou que seguirá para a rota Caracas-Buenos Aires e que estão certificados 30 mecânicos neste tipo de aeronave.

A Conviasa (Consorcio Venezolano de Industrias Aeronáuticas y Servicios Aéreos) foi criada em 2004 para substituir a extinta VIASA, que foi uma das melhores companhia aéreas da América Latina e referência no serviço ao passageiro no continente americano.

Criada em Novembro de 1960, a Viasa foi privatizada na década de 90 tendo a companhia espanhola Iberia ficado com 60% do capital. O negócio não correu bem. A Guerra do Golfo e outras dificuldades económico-financeiras de então lançaram a companhia na falência, tendo sido extinta em 1997. Um encerramento que nunca foi bem aceite, pois os trabalhadores, nomeadamente os pilotos, sempre contestaram o processo seguido pela Iberia, então com a protecção do Governo de Venezuela que detinha 40% do capital.

Nos anos seguintes todo o tráfego aéreo esteve nas mãos de empresas privadas, até ao aparecimento da Conviasa, em 2004.

 

Nota: Neste vai-vém de notícias, de todos quererem saber por onde andava (ou voava) o A340-200 da Conviasa, e face à falta de informação estatal, qualquer fonte servia, desde que oriunda dos gabinetes governamentais em Caracas. A arte do disfarce, a mentira que encobre a falta de profissionalismo com que se tratam os dossiês com a total cobertura dos que geriam a Conviasa, provocaram notícias contraditórias e que não correspondiam à verdade. Chegou a ser noticiado que o avião estaria já em testes de voo quando na verdade, estava sem motores num aeroporto francês, como comprovaram fotografias de um ‘spotter’ de Bordéus. O Governo chegou a noticiar que a Conviasa iria adquirir três Airbus A330-300, em Maio de 2013, quando foi a França negociar a obra de manutenção do avião avariado. Noticiámos, há poucas semanas, que o A340-200 já tinha regressado a Caracas, o que lamentavelmente, não tinha acontecido. Agora sim, chegou. E o presidente da linha aérea justificou que a inspecção e manutenção foram longas por exigência da Airbus, tendo demorado mais de um ano. Esqueceu-se, e mais uma vez, de dizer a verdade, o que demonstra nova falta de respeito pelos jornalistas e pelo Povo Venezuelano.

Esperamos que este capítulo esteja encerrado e que a Conviasa reentre no bom caminho. Aliás, tem sido meritório o esforço que nos últimos anos tem sido feito em relação à renovação da sua frota e ao reequipamento técnico da companhia e de todos os seus profissionais.

O portal NewsAvia continuará a acompanhar de perto toda a actividade aeronáutica na Venezuela, já que os seus protagonistas estão muito ligados à comunidade de língua portuguesa, dado haver no País uma colónia de luso-descendentes que está estimada em cerca de 1,2 milhões de pessoas, além dos negócios que todos os dias se fazem neste setor de actividade com os vizinhos brasileiros.

Ainda no sector da aviação comercial, a TAP voa diariamente para Caracas, de Lisboa, Porto e Madeira (alternando aeroportos) e esta é, reconhecidamente, uma das melhores rotas da companhia portuguesa, em termos de receita. Não obstante os atrasos que se verificam nas transferências das verbas para Portugal.

 

 

  • As fotos estão disponibilizadas no site da Conviasa e na sua página de Facebook.

Compartilhar publicação:

REGISTE-SE

spot_img

Popular

spot_img

Mais como isso
Relacionado

TAP atinge dois milhões de passageiros nas rotas Portugal-Brasil neste ano

Número inédito de passageiros consolida a liderança da TAP...

Euro Atlantic confirma abertura de rotas regulares para cidades brasileiras

A companhia aérea portuguesa Euro Atlantic Airways pretende arrancar...

Portway e sindicatos não se entendem e mantém-se a greve para o Natal e Passagem de Ano

A empresa de 'handling' Portway e quatro sindicatos (Sindav,...