A Alitalia iniciou um processo formal de insolvência, depois da decisão ter sido aprovada com unanimidade pela administração da empresa, noticiou na manhã desta terça-feira, dia 2 de maio, a agência financeira ‘Bloomberg’. Criada em 1947, a Alitalia tem tido um percurso difícil, repleto de crises financeiras e de dívidas acumuladas. É a segunda vez que a companhia aérea de bandeira italiana abre falência em dez anos. Desde 2000 que a companhia tem saldos de exercício negativos, acumulando uma grande dívida. Uma situação insustentável devido sobretudo à falta de liquidez da empresa.
A decisão já era esperada depois de, no passado dia 24 de abril, a grande maioria dos trabalhadores sindicalizados da Alitalia ter recusado o plano de reestruturação proposto pela administração da empresa que estava associado a um processo de recapitalização de dois mil milhões de euros e à extinção de cerca de 2.000 dos 12.000 postos de trabalho que estão hoje ativos na companhia. Chegou a ser aprovado um acordo de princípio entre as direções sindicais e a atual administração da Alitalia, mas na segunda-feira, dia 1 de Maio, os trabalhadores voltaram a recusar por ampla maioria (87%) o programa de recuperação proposto.
Perante tal posição e o facto da companhia não ter conseguido apresentar qualquer lucro durante o presente século, acumulando sucessivas dívidas, a assembleia geral extraordinária dos acionistas da Alitalia decidiu iniciar o processo formal de falência. Face à grande concorrência de companhias nacionais de países europeus e a pressão das empresas de transporte aéreo de baixo custo, que retiraram muito tráfego à companhia de bandeira italiana, é muito difícil prever uma recuperação num cenário como o que a Alitalia apresenta presentemente.
Os voos da Alitalia vão continuar já que o Governo italiano irá financiar as operações. De acordo com a lei do país, serão nomeados supervisores para lidar com a situação, enquanto os administradores vão apresentar uma nova estratégia de negócio, refere o despacho da agência ‘Bloomberg’. Desta forma o executivo italiano pretende evitar a liquidação da empresa que poderá custar cerca de mil milhões de euros aos cofres do Estado Italiano, segundo noticiou o jornal ‘Il Sole 24 Ore’.
Segundo o ‘Financial Times’, a Alitalia precisa de uma injeção de cerca de 900 milhões de euros para sobreviver já nos próximos dias e do encaixe de mais dois mil milhões de euros para recuperar a estabilidade financeira no curto prazo.
Na semana passada, a Etihad, companhia aérea do Abu Dhabi, que detém 49% da Alitalia, tinha referido que estava cansada de tentar opções para manter a companhia aérea solvente. Os restantes acionistas são os bancos italianos Unicredit e Intesa SanPaolo, cada um com 15%, além da própria Alitalia e outros (em representação do Estado italiano).
O ministro das Finanças de Itália, Pier Carlo Padoan, também tinha garantido que o Governo não vai injetar capital na Alitalia, até porque não o pode fazer, de acordo com diretivas da União Europeia.
Alitalia, estás perto do fim. Mais dinheiro do povo italiano, 500 milhões de Euros. Ou demiti ou quebra.