Américo Muchanga é desde esta quarta-feira, dia 10 de julho, o novo presidente do Conselho de Administração (PCA) da LAM – Linhas Aéreas de Moçambique, substituindo no topo da gestão da companhia aérea moçambicana o sul-africano Theunis Crous, que tinha sido nomeado, interinamente, diretor-geral da empresa.
“As Linhas Aéreas de Moçambique, S. A. – LAM reunida em sessão da Assembleia Geral Extraordinária, deliberou pela alteração da estrutura de governação corporativa da sociedade, tendo na mesma sessão sido eleito o Exmo. Senhor Américo Muchanga como Presidente do Conselho de Administração, com efeitos a partir do dia 10 de Julho de 2024”, lê-se no comunicado distribuído nesta quarta-feira pelas Linhas Aéreas de Moçambique, em Maputo, sede da empresa.
Américo Muchanga ocupava o cargo de presidente da empresa ‘Aeroportos de Moçambique E. P.’, que gere os aeroportos nacionais, desde fevereiro de 2022. A sua demissão destas funções tinha sido anunciada pelo Governo da República de Moçambique nesta terça-feira, dia 9 de julho.
Theunis de Klerk Crous, que lidera a delegação da empresa sul-africana Fly Modern Ark (FMA) contratada em abril de 2023 pelo governo moçambicano para reestruturar a LAM, ocupava interinamente a função de diretor-geral da companhia aérea, desde fevereiro passado, no âmbito do afastamento de João Carlos Pó Jorge das funções de PCA da LAM.
A estratégia de revitalização da companhia aérea moçambicana, segue-se a anos de problemas operacionais relacionados com uma frota reduzida e falta de investimentos, com registo de alguns incidentes, não fatais, associados por especialistas à deficiente manutenção das aeronaves.
Durante o período de gestão da FMA, a empresa sul-africana denunciou esquemas de desvio de dinheiro, com prejuízos de pelo menos quase três milhões de euros, em lojas de venda de bilhetes, através de máquinas dos terminais de pagamento automático (TPA/POS) que não são da companhia.
O Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC) de Moçambique instaurou um processo para investigar alegados esquemas de corrupção na venda de bilhetes da transportadora aérea moçambicana e sobre a gestão da frota da companhia.
“A este processo, foi junta a participação remetida pela empresa, no seu dever de colaboração com a justiça, assim como a que foi remetida à procuradora da República da cidade de Maputo, por ser incompetente em razão da matéria”, avançou à agência portuguesa de notícias ‘Lusa’, na altura, uma fonte ligada ao processo.
Em janeiro de 2023, o GCCC já havia instaurado um processo para investigar alegações sobre a gestão da frota, nomeadamente, a venda de aeronaves, o seu aluguer, endividamento da companhia para aquisição de novo equipamento e operações de manutenção.
O processo também incide sobre a contratação de fornecedores, legitimidade da faturação paga e com a venda de ativos sociais da companhia.
Aquela entidade solicitou à Inspeção-Geral de Finanças e à Inspeção-Geral de Administração Pública a realização de auditorias às contas de gerência da LAM, cujos relatórios ainda aguarda, adiantou a fonte.
Além de Moçambique, os alegados factos em investigação “ocorreram em cinco jurisdições estrangeiras, o que demandou o recurso à cooperação internacional para a obtenção de prova”, acrescentou.
Na sequência das denúncias sobre alegada corrupção na venda de bilhetes da LAM, o Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE), entidade que gere o setor empresarial do Estado em Moçambique, anunciou que quer ver os alegados desvios e atos de sabotagem interna apurados e pediu a investigação do Ministério Público.
A LAM opera 12 destinos no mercado doméstico, a nível regional voa regularmente para Joanesburgo, Dar-Es-Salaam, Harare, Lusaca, e Cidade do Cabo. Lisboa é o único destino intercontinental, para onde voa atualmente mediante uma parceria com a companhia aérea portuguesa Euro Atlantic Airways, que fornece o equipamento..