Autoridades confirmam que A320 da Azores Airlines colidiu com “bando significativo” de aves ao descolar de São Miguel

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Controladores aéreos não conseguem visualizar toda a pista de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel (Açores) da torre de controlo, pois à frente foi construído o quartel dos bombeiros que prestam serviço no aeroporto.

Um Airbus A320 da Azores Airlines (Grupo SATA) colidiu com um “bando significativo” de gaivotas (bird strike) durante uma descolagem na cidade de Ponta Delgada, ilha de São Miguel, na Região Autónoma dos Açores, obrigando a aeronave a declarar emergência e a regressar ao aeroporto, reportando problemas nos dois motores.

A colisão verificou-se na quinta-feira, dia 2 de janeiro, e foi confirmada nesta segunda-feira, dia 6 de janeiro, à agência portuguesa de notícias ‘Lusa’ por várias fontes aeronáuticas.

Segundo as mesmas fontes, o A320, com destino a Lisboa, descolou às 13h40 do Aeroporto João Paulo II, mas “imediatamente após a descolagem declarou emergência devido ao embate num bando significativo de gaivotas”, tendo a aeronave prosseguido para a aterragem, o que aconteceu, em segurança, 18 minutos depois, “reportando problemas nos dois motores”.

Questionado pela ‘Lusa’, o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) diz que foi notificado do “incidente pelo gestor aeroportuário [ANA], pelo operador envolvido [SATA] e pela NAV Portugal”, empresa responsável pela gestão do tráfego aéreo.

Este organismo acrescenta que “iniciou um processo de recolha de informações junto do gestor aeroportuário relativamente às medidas implementadas e em aplicação no dia, previstas nos regulamentos” que contemplam a redução do risco de wildlife strike.

As mesmas fontes da aviação alertam também para o facto de os controladores aéreos não conseguirem visualizar toda a pista de Ponta Delgada, pois à frente da torre de controlo foi construído o quartel dos bombeiros que prestam serviço no aeroporto.

Os controladores aéreos apenas conseguem ver o início e o fim da pista, sendo o resto da mesma visível apenas através de um sistema de CCTV – Circuito Fechado de Televisão, o que, segundo estas fontes, não permite aos controladores aéreos observarem devidamente a eventual presença de aves, “o que diminuiu significativamente a segurança da operação”.

Questionado sobre esta situação, o GPIAAF sublinha que “o processo de deteção, controlo e mitigação de riscos de vida selvagem nos aeródromos é assegurado por várias fontes de informação em que o ATC [controlador aéreo] é uma parte importante”.

“Efetivamente, a zona de asfalto onde ocorreu a colisão com as aves não é visível da torre. As circunstâncias do evento assim como as medidas de mitigação em vigor na infraestrutura no momento da ocorrência serão oportunamente divulgadas pelo GPIAAF em documento apropriado à sequência que resultar da avaliação em curso no âmbito das competências deste gabinete”, refere o organismo.

A ‘Lusa’ questionou também a ANA, gestora aeroportuária, e a Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), regulador do setor, sobre o plano de segurança, o quartel de bombeiros construído em frente à torre de controlo e que medidas estão implementadas atualmente no Aeroporto de Ponta Delgada para mitigar o risco de bird strikes.

A ANA confirma que, pelas 13h46 de 2 de janeiro, no Aeroporto de Ponta Delgada, “ocorreu uma colisão de um avião com gaivotas durante a descolagem de um voo da SATA com destino a Lisboa”, acrescentando que “dispõe dos meios recomendados para a gestão da avifauna nos seus aeroportos”.

“Adicionalmente, são acionadas medidas de proteção ativa sempre que solicitado pelo controlo de tráfego aéreo. O Aeroporto desencadeou no imediato uma análise para apurar as circunstâncias do incidente, em conformidade com o princípio de melhoria contínua da aviação civil”, indica a gestora dos aeroportos nacionais.

Já a ANAC, refere que “a situação está a ser analisada com base nos elementos disponíveis que poderão levar à tomada de ações em conformidade”, sublinhando que, de momento, “não pode adiantar muito mais”.

O regulador reitera que o Aeroporto João Paulo II dispõe de um sistema de gestão de vida selvagem, reconhecendo que a torre de controlo “tem efetivamente vista condicionada para a área de manobra, mas que dispõe “de outros procedimentos alternativos implementados, conforme previsto na regulamentação”.

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