A companhia aérea venezuelana Avior Airlines anunciou que vai investir 150 milhões de dólares na sua expansão operacional, respondendo assim a uma maior procura e pretensão de melhor servir os seus clientes.
José Sulbarán, presidente executivo da Avior anunciou que esse dinheiro será utilizado sobretudo na aquisição de dois aviões Airbus A340 destinado às rotas de longo curso que a empresa pretende lançar em breve, tendo apontado que a estratégia de expansão da companhia aponta para ligações de Caracas para o Rio de Janeiro e São Paulo, no Brasil (já voa para Manaus, no Estado Amazonas), e para algumas cidades da Europa.
No início deste ano o presidente do Governo Regional da Madeira, uma região autónoma portuguesa, teve uma reunião na capital venezuelana com Sulbarán, na qual lhe foi apresentado também este plano de expansão da Avior, tendo na ocasião sido referido o interesse da empresa venezuelana em voar para Portugal, nomeadamente para Lisboa e para a ilha da Madeira, de onde é originária a maioria da comunidade portuguesa que vive na Venezuela, estimada em mais de um milhão de pessoas.
O presidente da Avior esclarece no comunicado distribuído nesta segunda-feira, dia 18 de julho, que os primeiros aviões de longo curso da companhia voarão entre Caracas e Miami, no Estado da Florida, EUA, onde hoje vivem cerca de cinco milhões de venezuelanos, a maioria fugidos da situação de recessão e de insegurança pública que se vive na Venezuela. Estas primeiras ligações servirão para as novas tripulações se familiarizarem com os novos Airbus A340 que deverão chegar à frota da companhia até final do ano.
“Somos a maior companhia aérea venezuelana com projeção internacional. A aquisição dos aviões, as novas rotas e frequências, o desenvolvimento das nossas plataformas de comercialização, as alianças comerciais e estratégicas, tudo está integrado na nossa visão integral de crescimento e prestação do melhor serviço” acrescenta Sulbarán.
A Avior Airlines nasceu e foi fundada por iniciativa de empresários do Estado de Anzoátegui, na região oriental da Venezuela, onde se manteve até iniciar a sua expansão nacional e internacional. Hoje é a maior companhia aérea de Venezuela. No ano de 2015 transportou 960 mil passageiros.
Companhias brasileiras saíram da Venezuela – TAP Portugal continua com três voos semanais
A Venezuela passa presentemente por um período muito instável, em termos político-sociais e, também económicos, com reflexos negativos na aviação comercial. Desde há dois anos que várias companhias aéreas internacionais deixaram de voar para Caracas e outras reduziram o numero de voos, devido a não poderem transferir para os seus países as receitas das suas delegações. Estima-se que a dívida da Venezuela às companhias aéreas, segundo fontes da IATA, esteja a atingir os quatro milhões de dólares. Por outro lado a companhia nacional de bandeira, a Conviasa, não tem aviões próprios para as linhas de longo curso e está a utilizar um avião alugado à companhia espanhola Wamos Air – um Boeing 747-400, matrícula EC-LNA – que apenas permite fazer alguns voos regulares para Madrid (Espanha) e para Buenos Aires (Argentina).
Nos últimos anos a única companhia venezuelana a voar para Portugal – voos diretos de Caracas para a ilha da Madeira e regresso – foi a SBA Airlines, empresa que continua no mercado, mas que desistiu dos voos para a Europa. Em Venezuela estão em atividade mais de uma dezena de companhias comerciais, mas a maioria a trabalhar com aviões bastante antigos, em que se conta alguns Boeing 737-200 e MD-80 com algumas dezenas de anos de serviço. Os aviões mais modernos estão na companhia estatal Conviasa, que recebeu 16 aeronaves Embraer E190, fruto de um convénio assinado pelo então Presidente Hugo Chávez com o Brasil, recebidos entre 2012 e 2015.
Presentemente nenhuma companhia brasileira voa para Venezuela. A GOL foi a primeira a retirar e a LATAM Airlines, em que se inclui a ex-TAM Linhas Aéreas) acaba de sair da rota.
A TAP Portugal, que chegou a ter voos diários para a capital venezuelana, desde Lisboa, Porto e Madeira, tem atualmente três voos semanais. Não tem planos, nem para reduzir ainda mais, nem para sair. Só vende passagens em moeda forte e anda sempre cheia. Em Venezuela ficaram cerca de 100 milhões de dólares para transferir, que, entretanto, foram abatidos nas contas do exercício do ano passado.