Binter vendeu a marca TICV e toda a operação aérea em Cabo Verde à BestFly

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A companhia aérea espanhola Binter acordou na segunda-feira, dia 5 de julho, a venda de 70% da companhia aérea regional TICV – Transportes Interilhas de Cabo Verde à ‘BestFly World Wide’, disse à agência portuguesa de notícias ‘Lusa’ Nuno Pereira, proprietário da empresa angolana de aviação BestFly Angola, que desde maio passado assumiu as ligações aéreas no arquipélago africano.

 

O empresário Nuno Pereira, acionista único da ‘BestFly Word Wide’, confirmou que o negócio foi fechado com o grupo espanhol, com sede na cidade de Las Palmas, nas Ilhas Canárias, envolvendo a compra da empresa TICV e da sua marca, incluindo os trabalhadores, o que desta forma viabiliza a continuidade da operação aérea no território do arquipélago de Cabo Verde.

“A partir de hoje a Binter deixou de existir em Cabo Verde como operador aéreo. Acredito nesta operação em Cabo Verde e já tinha antes o objectivo de ter um AOC [Certificado de Operador Aéreo] em Cabo Verde, pelo que aproveitei a oportunidade. A muito curto prazo será a TICV, cuja gestão é da minha empresa daqui para a frente, a assumir a operação em Cabo Verde”, explicou Nuno Pereira.

A Binter Cabo Verde foi criada em 2014, como uma companhia de direito 100% cabo-verdiano, que tinha como único acionista a empresa ‘Apoyo Y Logistica Industrial Canária, Sociedade Limitada’, tendo sido transformada na atual TICV em 2019, ano em que assinalou um milhão de passageiros transportados entre as ilhas cabo-verdianas.

Até maio deste ano a TICV era a única companhia que fazia as ligações entre as ilhas do arquipélago, depois da saída da companhia aérea pública TACV, em agosto de 2017.

Contudo, em maio último, após um diferendo com as autoridades cabo-verdianas, nomeadamente sobre apoios à companhia devido à pandemia de covid-19, a TICV, liderada pela Binter, deixou de vender bilhetes para a segunda quinzena e desde 16 de maio que não realiza voos comerciais.

A empresa BestFly Angola (empresa diferente da BestFly World Wide) assumiu em 17 de maio a concessão emergencial, por seis meses, do transporte aéreo interilhas na República de Cabo Verde, por decisão do Governo, face à perspectiva de ausência de voos (LINK notícia relacionada).

Nuno Pereira é diretor-geral da BestFly e um dos seus acionistas, mas explicou à Lusa que a compra de 70% do capital social da TICV foi feita apenas através da ‘BestFly World Wide’, empresa em que é o único acionista. Os restantes 30% ficam na posse do Estado de Cabo Verde.

“Este negócio foi uma aposta minha e depois vamos decidir se mantemos esta marca, como TICV, ou se mudamos. Mas será este o operador que vai assumir os voos em Cabo Verde”, sublinhou.

Em 2020, os voos domésticos em Cabo Verde, operados apenas pela TICV, movimentaram cerca de 125 mil passageiros, menos 286 mil (-230%) face ao ano anterior, devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19.

 

Os quatro aviões ATR 72-600 que estão (ou estiveram) ao serviço da TICV em Cabo Verde, até maio passado, eram propriedade da Binter, subalugados à TICV e ostentavam o registo cabo-verdiano. Desconhece-se, para já, se irão continuar ao serviço da companhia, dado ter a partir de agora outra estrutura acionista.

 

  • Foto de abertura © Carlos Freitas

 

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