A construtora aeronáutica norte-americano Boeing fechou o exercício de 2019 com perdas de 636 milhões de dólares (578 milhões de euros), o primeiro resultado negativo em décadas, devido à grave crise que atravessa.
A empresa informou nesta quarta-feira, dia 29 de janeiro, que as receitas no conjunto do ano caíram 24% para 76.559 milhões de dólares (69.608 milhões de euros) e que no último trimestre constituiu provisões de 2.800 milhões de dólares (2.546 milhões de euros) para potenciais indemnizações aos seus clientes, afetados pela paralisação das entregas e da produção do avião comercial de médio curso Boeing 737 MAX.
Dave Calhoun, novo presidente executivo da Boeing, que assumiu a liderança da fábrica norte-americana no início deste mês, reconheceu que “há muito trabalho por fazer” e insistiu que a empresa está focada em devolver ao serviço da frota os 737 MAX “com segurança”, mas também assegurou que tem “a liquidez” necessária para enfrentar o “processo de recuperação”.
Entretanto, a Boeing anunciou que conseguiu negociar um financiamento de 12 mil milhões (bilhões no Brasil) de dólares norte-americanos através de um sindicato de bancos dos EUA, que permitirão à empresa enfrentar o futuro com alguma tranquilidade e libertar-se da crise causada pelo impedimento operacional dos B737 MAX, em terra desde março de 2019. Esta verba servirá ainda para negociar algumas indemnizações com companhias aéreas que afirmam estar prejudicadas com a paragem da nova gama de aviões de médio curso.
Em comunicado a Boeing destaca que a verba obtida ultrapassa em dois milhões de dólares o que a fábrica de aviões tinha solicitado aos bancos, e que considerava razoável para garantir as suas responsabilidades financeiras num futuro próximo.
Afirma a Boeing, por outro lado, que esse facto é revelador da confiança das instituições financeiras na gestão da fábrica norte-americana e nos seus produtos.
Dave Calhoun disse há poucas semanas que a produção de aviões B737 MAX, que foi interrompida no início do corrente ano, face ao impasse na certificação das modificações que garantem uma maior segurança aos aparelhos da nova gama de aviões comerciais norte-americanos, será retomada no primeiro semestre deste ano, antes mesmo da nova certificação ser anunciada pelos reguladores internacionais.