A Cabo Verde Airlines (CVA) diz que a recente aprovação de uma garantia estatal de 12 milhões de dólares foi uma “formalidade” de um empréstimo anterior e que a companhia necessita nova injeção financeira para “melhorar a liquidez”.
Questionada pela agência de notícias portuguesa ‘Lusa’ sobre o aval aprovado pelo Governo cabo-verdiano ao empréstimo, oficializado esta semana, o Conselho de Administração da companhia aérea refere que essa garantia “não faz parte da discussão futura de financiamento em andamento entre os acionistas”, tendo a mesma resultado de um financiamento contraído anteriormente.
“Essa garantia do Estado é apenas uma formalidade final entre o Estado e o banco IIB, exigida em conjunto com a participação do Estado nas contribuições anteriores dos acionistas à companhia aérea. Por esse motivo, a garantia do Estado não disponibilizará mais fundos em dinheiro para a companhia aérea no momento”, esclarece a companhia, questionada pela ‘Lusa’.
Contudo, a administração da CVA assume que aguarda com “expetativa e esperança” de que “outras ações sejam tomadas eminentemente pelos acionistas da companhia aérea, a fim de melhorar a liquidez atual da empresa em benefício de seus funcionários, credores e todas as demais partes interessadas”.
A ‘Lusa’ noticiou anteriormente que o Governo cabo-verdiano autorizou um aval estatal de até 12 milhões de dólares para a CVA garantir um financiamento bancário junto do ‘International Investment Bank’ (IIB). De acordo com uma resolução do Conselho de Ministros, de 27 de julho, o “Estado reconhece o manifesto interesse nacional do projeto” da companhia aérea de bandeira, privatizada em 2019, mas parada desde 19 de março devido à pandemia de covid-19.
A decisão, que autoriza a Direção-Geral do Tesouro a emitir o aval, é justificada com os “importantes e desejáveis efeitos” do projeto da CVA e “considera que estão reunidas todas as condições exigíveis” para a sua concessão, no valor de “até 12 milhões de dólares (10,2 milhões de euros)”.
“Tendo em conta que a mesma tem dado os seus primeiros passos após a sua privatização, ocorrida muito recentemente, o Governo entende ser necessário ainda dar suporte que vise melhorar a situação económico-financeira da empresa, evitar o seu estrangulamento e garantir a sua sustentabilidade”, lê-se ainda.
Antes da crise provocada pela pandemia de covid-19 – Cabo Verde não recebe voos internacionais desde 19 de março –, a administração da CVA já tinha apontado que a companhia necessitava com urgência de um empréstimo de longo prazo para garantir a sua operacionalidade.
Em março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da então empresa pública TACV (Transportes Aéreos de Cabo Verde) por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da CVA) e em 30% por empresários islandeses com experiência no setor da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).
O Governo cabo-verdiano concluiu este ano a venda de 10% das ações da CVA a trabalhadores e emigrantes, mas os 39% restantes, que deveriam ser alienados em bolsa, a investidores privados, vão para já ficar no domínio do Estado, decisão anunciada pelo executivo devido aos efeitos da pandemia.
A CVA transportou quase 345 mil passageiros no primeiro ano após a privatização (01 de março de 2019 a 28 de fevereiro de 2020) de 51% da companhia, um aumento de 136% face ao período anterior, segundo dados fornecidos à Lusa pela empresa.