A República de Cabo Verde levantou a suspensão dos voos comerciais internacionais a partir desta segunda-feira, dia 12 de outubro, ao fim de quase sete meses, tendo os passageiros de apresentar testes negativos para a covid-19 com pelo menos 72 horas de antecedência.
O ministro do Turismo e Transportes, Carlos Santos, anunciou an sexta-feira, dia 9 de outubro, na cidade do Midelo, ilha de São Vicente, que o tráfego comercial aéreo de passageiros, com destino e a partir de Cabo Verde, será retomado a partir das zero horas do dia 12 de outubro.
No mesmo dia, será também retomado o tráfego comercial marítimo de passageiros, bem como operações de escala técnica e de abastecimento de aeronaves no aeroportos nacionais.
Turistas vão começar a chegar nesta semana
Entretanto, as agências de viagens e turismo de Cabo Verde consideraram acertada a decisão do Governo de reiniciar os voos comerciais internacionais pois entendem que vai permitir retomar negócios.
“As agências de viagens vêem a decisão com muita satisfação, é o renovar de esperança, e vai ao encontro da solicitação da associação no sentido da abertura. Entendemos ainda que se trata de uma decisão acertada e inadiável do Governo que, com certeza, contribuirá para a retoma do negócio das agências de viagens interrompido desde Março”, disse à agência portuguesa de notícias ‘Lusa’ o presidente da Associação das Agência de Viagens e Turismo de Cabo Verde (AAVTCV), Mário Sanches.
Para o presidente da AAVTCV, a partir de agora é importante o país continuar a levar em conta a questão sanitária, para manter as fronteiras abertas.
“Temos a consciência que, enquanto não resolvermos o problema da covid, não vamos resolver o problema do turismo”, salientou Mário Sanches, para quem é preciso haver um equilíbrio para a retoma do negócio no sector.
O ministro disse que não espera uma entrada em massa de turistas já a partir de segunda-feira, e o presidente reconheceu que o turismo vai acontecer no país de uma forma muito lenta.
“Mas o importante nesse momento é começarmos a facturar”, frisou Mário Sanches, esperando também que os preços das viagens sejam atrativos, para que as pessoas possam viajar.
Passageiros obrigados a pagar despesas com teste à covid-19
Além do preço da viagem, o passageiro terá de pagar o teste à covid-19. A AAVTCV já tinha proposto ao Governo subsidiar metade do valor, fixado num máximo de 127 euros nos serviços privados e 100 euros nos serviços públicos de saúde.
“Nós ainda aguardamos essa resposta do Governo, ainda que também pudesse baixar o preço, porque para que a pessoa possa viajar, agora são necessários dois componentes, é o teste PCR e o bilhete da viagem. Se conseguirmos ter um equilíbrio entre os dois componentes, com certeza que haverá mais pessoas a viajar”, mostrou o líder associativo.
Para o representante das agências de viagens, o teste a esse valor pode ser um “recuo” para que uma pessoa possa viajar.
Nesta primeira fase, Mário Sanches entendeu que as pessoas não vão viajar pelo turismo puro, mas sim a negócios, visitar famílias, a trabalho, uma vez que já não serão necessários tantos justificativos pedidos para os voos essenciais.
Cabo Verde está fechado a voos comerciais internacionais desde 19 de março, devido à pandemia de covid-19, tendo inicialmente anunciado a retoma em 30 de Junho, mas com o recrudescer de casos, tanto na Europa como nas ilhas, a retoma foi adiada para a segunda quinzena de Agosto.
TAP e SATA Azores Airlines operam desde 1 de agosto com voos regulares
Desde 1 de agosto que está em vigor um corredor aéreo para voos essenciais entre Lisboa (Portugal) e as ilhas de Santiago e de São Vicente, operados regularmente por duas companhias portuguesas (TAP e SATA) e que obrigam os passageiros, nos dois sentidos, a apresentar testes negativos para covid-19 realizados com pelo menos 72 horas de antecedência.
O Governo quer ainda apresentar Cabo Verde por ilhas para estabelecer determinados corredores aéreos, sem olhar para os números da covid-19 a nível nacional, uma “boa alternativa”, comentou Mário Sanches.
“O facto de Cabo Verde ser um país arquipelágico facilita a abertura”, reforçou o presidente, para quem neste momento o país deve começar a aproveitar do turismo onde ele possa existir.
Mário Sanches vê com “bons olhos” as medidas sanitárias tomadas pelas autoridades cabo-verdianas, entendendo que o importante é dar conforto, segurança e confiança ao consumidor.
O país tinha até quinta-feira um acumulado de 6.717 casos positivos de covid-19 desde 19 de Março, dos quais 71 óbitos e dois doentes transferidos, 5.821 pessoas recuperadas e permanecem 825 casos ativos.
- Foto de abertura ©Jailson Lopes