Ao fim de 41 anos de carreira e de 23.800 horas de voo, o comandante de linha aérea Bento João aterrou para a merecida reforma, no passado dia 30 de Setembro, ao atingir o limite de idade para o exercício da profissão de piloto comercial.
Como é habitual, foi surpreendido com uma pequena homenagem à chegada ao Aeroporto de Lisboa, no final do seu último voo, o TP483, proveniente de Nice. Uma representante da ANA Aeroportos entrou no avião e presenteou o comandante Bento João com um ramo de flores. No final, o comandante, restante tripulação e um representante da direcção do aeroporto assinalaram a data com uma foto nas escadas do aparelho.
Natural de Abrantes, foi aos 10 anos viver para Moçambique. Foi na cidade de Tete, capital da província com o mesmo nome, que descobriu o gosto pela aviação, tendo sido um dos primeiros pilotos a formar-se no aeroclube local.
Começou por pilotar táxis aéreos, em Moçambique, e, mais tarde, esteve ao serviço da Companhia dos Diamantes de Angola.
O regresso a Portugal acontece em 1984, com o arranque da LAR – Ligações Aéreas Regionais, onde o comandante Bento João foi um pilotos pioneiros. Esteve ao serviço desta companhia até à extinção, passando depois para a PGA – Portugália Airlines, ao serviço da qual encerrou agora a carreira, ao comando de um Fokker 100.
À Newsavia, o comandante Bento João disse que foi piloto por vocação e que nunca pensou numa outra actividade. Sente-se, por isso, realizado, e assinala o facto de ter tido um percurso profissional tranquilo, sem aspectos negativos a registar. De positivo teve a saúde para aliada e o prazer de trabalhar no que gostava.
Não tenciona ficar ligado à aviação, preferindo dedicar-se em exclusivo à família. Com dois filhos, um neto e outro a caminho, diz que a família lhe merece toda a atenção e só espera continuar a ter saúde para desfrutar o melhor possível da nova fase da vida.