A Emirates terá abrandado nesta quarta-feira, dia 10 de junho, o anunciado processo de demissões de pilotos e tripulantes de bordo, face a um inesperado acontecimento que tem sido comentado entre o pessoal internacional ao serviço da companhia e que começa a aparecer escrito em alguns blogs e em sites orientados para tripulantes de companhias aéreas.
A razão apontada é a eventual morte por suicídio de três tripulantes, um piloto britânico que era primeiro oficial na frota dos Airbus A380 e de duas assistentes de bordo, também estrangeiras. Os três teriam recebido cartas para negociarem a sua saída da companhia dada a redundância de tripulações devido à queda da demanda face à pandemia de covid-19.
A notícia apareceu nesta quinta-feira, dia 11 de junho, com maior destaque no site de notícias de aviação ‘Paddle Your Own Kanoo’ (LINK notícia), escrita pelo seu editor Mateusz Maszczynski, ele próprio um ex-comissário de bordo em várias grandes companhias internacionais do Médio Oriente e com grande prestígio entre os seus colegas.
As reuniões que estavam programadas para continuar nas instalações de treino das tripulações da Emirates, no Dubai, nesta quinta-feira, foram adiadas na noite de quarta-feira, após o surgimento de notícias sobre as trágicas mortes, escreve Maszczynsk.
Entretanto, face a essas notícias, que a nível oficial não puderam ser confirmadas, a Emirates distribuiu um breve comunicado em que diz: “Podemos confirmar que as notícias são falsas e solicitamos que não se espalhem boatos”.
Na terça-feira passada, dia 9 de junho, centenas de tripulantes de cabina e pilotos receberam emails de convocação para comparecerem em reuniões nas quais lhes seria comunicado que a companhia não contaria mais com eles, e que deveriam deixar a empresa até ao mês de setembro. A Emirates justificava os despedimentos com o “impacto severo” que a pandemia de covid-19 causou em todo o setor de aviação.
Mateusz Maszczynski escreve que o presidente do Grupo Emirates, Sheikh Ahmed bin Saeed Al Maktoum, “interrompeu as demissões em massa na quarta-feira porque estava descontente com a forma como as negociações estavam sendo tratadas. Embora muitas equipes tenham tido reuniões individuais, houve relatos de algumas sessões de despedimento em grupo.”
As notícias sobre uma eventual extensão do número de despedidos na Emirates não têm sido consistentes, nem sequer rigorosas. Desde as prováveis 20.000 demissões, apontadas ainda no início da pandemia, passando pela dispensa de 600 pilotos e 700 tripulantes, todos estagiários e sem contrato definitivo, que estavam adstritos à frota dos Airbus A380, até ao despedimento em massa de 7.000 tripulantes que referiram no início desta semana várias agências internacionais, que nunca referiram fontes concretas ligadas à gestão da companhia. Aliás, a Emirates recusou-se sempre a confirmar os números publicados na imprensa internacional. E, para já, não há comunicação oficial da empresa. Sabe-se ao contrário que a recuperação de rotas está a decorrer mais rápido do que estava previsto e a companhia já está com cerca de três dezenas de destinos internacionais ativos na sua rede.
Por outro lado há uma entrevista do presidente executivo da Emirates, Sir Tim Clark, ao ‘Finantial Times’, publicada no mês de maio, na qual admite no imediato uma redução de frota e de pessoal, mas numa fase intermédia e até 2022, pois espera que no ano seguinte a Emirates retome a dimensão que tinha no início do corrente ano. O pessoal dispensado retomaria os seus lugares na companhia à medida que o tráfego fosse recuperando.