A empresa pública Aeroportos de Moçambique (ADM) precisa de reformas profundas para continuar a funcionar devido à dívida acumulada, considera o Centro de Integridade Pública (CIP), organização da sociedade civil, em nota divulgada em Maputo na semana passada.
“A análise das atividades e fluxos financeiros da ADM leva à conclusão que, neste momento, em Moçambique, não existem recursos necessários para que esta empresa possa seguir operando sem reformas profundas”, refere o CIP, numa nota de análise consultada pela agência portuguesa de notícias ‘Lusa’.
A organização refere que “todos os relatórios e contas, tanto da empresa, como de auditores e do próprio Estado, demonstram uma degradação alarmante da ADM”, atribuída a “má gestão e interferência política”.
“A empresa é instruída a executar projetos do tipo ‘elefante branco’ que não rendem os recursos financeiros preciosos para reembolsar os empréstimos”, apontando o CIP, como exemplo, o Aeroporto de Nacala (nossa imagem), no norte do país – com indícios de suborno na adjudicação da infraestrutura à construtora brasileira ‘Odebrecht’.
Por outro lado, a organização lamenta intenções como a já expressa pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, de avançar com um novo aeroporto na província de Gaza, a cerca de 200 quilómetros de Maputo.
“É preciso reconhecer que Moçambique ainda não pode dar-se ao luxo de investimentos desta envergadura que implicam endividamento que só pode ser reembolsado por gerações futuras”, conclui.
Em 2016, o mais recente exercício analisado pelo CIP, o prejuízo da ADM aumentou 3.000 milhões de meticais (41 milhões de euros), registados em 2015, para 7.700 milhões de meticais (106 milhões de euros).
Um aumento de cerca de 155%, nota a organização.