Entrevistamos o piloto que comandou a emoção nos céus dos Açores

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Foram cinco dias inesquecíveis durante o I Festival Rubis Gás Balões Ar Quente da Ribeira Grande. A equipa NewsAvia tentou absorver todas as emoções e as melhores imagens para as transformar em conteúdo que será libertado durante esta semana, a toda a nossa comunidade, sob forma de peças jornalísticas, artigos de opinião, galerias fotográficas  e vídeos de quem teve o privilégio de passar estes dias na renovada e vibrante costa norte de São Miguel,uma das ilhas do arquipélago dos Açores, em Portugal.

Entrevistámos o mago deste evento, quem comandou os pilotos e quem tornou este evento possível. Aníbal Soares, é piloto balonista, e um dos proprietários da única escola portuguesa de balonismo. E também organizador de um dos maiores eventos do mundo de balões de ar quente: o Festival Internacional de Balões  do Alentejo, no sul de Portugal, com mais de cinquenta balões de ar quente em prova.

Com a sua experiência e mestria tudo fez, com a sua incansável equipa,  para que este evento se coroasse de sucesso, e para que se tornasse um cartaz das Ilhas dos Açores. O objectivo foi cumprido. Já esperamos a segunda edição!

 

(c) André Garcez Photography
Aníbal Soares – Clube de Balonismo Alentejo sem Fronteiras

Como surgiu a ideia de trazer os balões aos Açores?

– Fui contactado pela ‘Learn to Appreciate’, em Janeiro, sob a possibilidade e disponibilidade para organizar aqui um festival de balões à semelhança do que organizamos há 18 edições – este ano vai ser a 19ª edição – no Alentejo, tentando aproveitar ao máximo a minha experiência na organização destes eventos. Inicialmente, disse que teria de vir avaliar a situação e saber qual era a ilha onde queriam fazer o festival, para fazer uma avaliação inicial. Logo que me disseram que era em S. Miguel, disse logo que era bem possível, mas vim cá. Trouxemos um balão, fizemos a nossa avaliação e chegámos à conclusão que era possível organizar o festival em S. Miguel. Obviamente, não com o mesmo número de balões como temos no Alentejo, nem a mesma tipologia de voo. Aqui é um voo mais técnico. Mas tinha tudo para ser um sucesso e, a partir daí, foi lançar mãos à obra.

Como é um festival de balões? É meramente uma demonstração e uma partilha de sensações ou também existe uma componente competitiva?

– Há duas componentes: num evento de balões de ar quente podemos introduzir a componente competitiva, criando uma competição interna entre os pilotos e motivando-os a voar e a ser mais técnicos, e também para desfrutar. E, paralelamente, há também os campeonatos nacionais, europeus e mundiais de balonismo, mas isso é já completamente diferente, mesmo em termos de pilotos. Quando vamos para esses campeonatos, não voamos com passageiros. O stress da competição, o desejo de querer ganhar e a própria competição em si. Não podemos perder a nossa concentração em voo por estarmos a falar e a explicar ao passageiro o que estamos a fazer. Neste tipo de eventos, como o da Ribeira Grande, só pretendemos uma componente lúdica. Nós os pilotos, desfrutarmos do voo e tentamos proporcionar a um maior número de pessoas a sensação de voar, no fundo, promovendo e divulgando o balonismo, tentando atrair mais praticantes e simpatizantes.

(c) André Garcez Photography

É muito caro adquirir um balão? E em termos de aulas teóricas e práticas? Onde podem fazer isso?

– Há diferentes tipos de balões, maiores, mais pequenos, etc… Podemos adquirir um balão novo por, sensivelmente, 20 mil euros até às centenas de milhares de euros. Em termos de formação, o piloto de balão tem uma licença como qualquer outro piloto de aviação ligeira. Quem já tiver uma licença de piloto de aeronave, só tem de fazer uma introdução à prática do balão. Poderá fazê-lo em qualquer país europeu e, em Portugal também, no Alentejo, onde temos o clube de balonismo e a escola Alentejo sem Fronteiras.

É um curso com muita procura em Portugal?

– Começam a aparecer, devido aos eventos que organizamos, um número maior de interessados em tirar os cursos, não só portugueses mas também estrangeiros. Há muita gente que já procura e onde será mais fácil em termos sazonais aprender e voar. Em Portugal, praticamente, voamos o ano inteiro. Mesmo alguns instrutores aproveitam para vir voar a Portugal e trazem os alunos. Já sou piloto desde 1992 e nunca observei tanta aderência como agora.

E os primeiros registos de balões em Portugal, datam de quando?

Já houve antes uns balões, no início do século passado. Também havia muitas exibições com balões presos. Depois houve um parar da actividade. Nos anos 70, houve uma portuguesa, a primeira com licença de balão de ar quente, e depois parou. Nos anos 90, eu e o João Rodrigues fomos convidados, ainda como militares para-quedistas a tirar o curso para promover o para-quedismo nas feiras e tentar angariar jovens para o para-quedismo. Frequentámos um curso de formação de pilotos de balão de ar quente e tomámos-lhe o gosto. Dois anos depois, formámos uma empresa e começámos a trabalhar. Entretanto tirámos o curso de instrutor de pilotos.

(c) André Garcez Photography

Como é voar nos Açores?

Os Açores têm uma particularidade. Os voos aqui são muito técnicos e os pilotos estão sempre muito concentrados no voo, porque as condições meteorológicas mudam de um momento para o outro e a técnica de um piloto de balão é a antecipação. Temos de estar sempre numa avaliação constante do que poderá acontecer daí a algum tempo para podermos antecipar e aterrar em segurança. Não é quando estamos no meio de uma situação mais complicada que temos de agir.
Os voos técnicos são  voos mais curtos, mas aqui compensa, pois a paisagem é maravilhosa e deslumbrante. Ver as linhas de água, as levadas, a Lagoa do Fogo e ter a perspectiva de estar a uma certa altitude e ter uma visão da ilha de costa a costa, é uma emoção magnífica.

(c) André Garcez Photography

Como é que os locais reagiram ao evento?

O que eu vejo é que está todos estão encantados com os balões, quer os locais, quer os turistas. É a primeira vez, é novidade, algumas pessoas não têm ainda um conhecimento e havia uma grande expectativa. As pessoas páram, ficam a olhar e tocam as buzinas. Nessa parte está a ser um sucesso e em termos de voos também. Iniciámos na quarta-feira (dia 1 de Junho) e só não voámos na quinta-feira. Mas para nós também foi bom e aproveitámos para conhecer as belezas naturais da ilha porque a maior dos pilotos não conhecia os Açores. Raramente num evento se consegue voar todos os dias ou cumprir o calendário. Se voarmos amanhã, estamos a falar em 80% de voos, o que é bastante bom. Também temos ido a algumas freguesias do concelho proporcionar voos cativos e assim chegar a um maior número de pessoas, quer crianças, quer pessoas de maior idade, com a sensação de subir num balão de ar quente.

(c) André Garcez Photography
(c) André Garcez Photography

 

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