Esquadrão PAMPA, 68 anos a defender o espaço aéreo brasileiro

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“Aqui é como um coração de mãe. Cabe todo o mundo!”. É assim que o comandante do 1º Esquadrão do 14º Grupo de Aviação (1º/14º GAV), Tenente-coronel aviador Ricardo Rezende descreve o espírito de amizade e camaradagem do Esquadrão PAMPA, sediado na Base Aérea de Canoas (BACO), Rio Grande do Sul, cuja principal missão é a manutenção da soberania no espaço aéreo brasileiro.

 

A história do Esquadrão PAMPA ou “o Catorze” data de março de 1947. Desde a sua fundação que esta unidade ocupa um lugar de destaque na Força Aérea Brasileira (FAB) pela excelência e humanismo de quem lá opera. Das aeronaves que fizeram parte do “14” destacam-se os P-40, Gloster Metor e Lockheed AT-33. A partir de 1976 a unidade recebe os primeiros aviões supersónicos nomeadamente os Northrop F-5E e mais tarde em 2006 começam a operar os F-5 modernizado que proporcionam ao esquadrão o cumprimento de missões de defesa aérea, ataque, guerra electrónica e formação operacional.

 

A NewsAvia teve a oportunidade de entrevistar o comandante desta unidade que deu conhecer o funcionamento, importância e missões do Catorze, a aeronave que é operada atualmente desvendando algumas pontas do que será o futuro do esquadrão com a chegada do Gripen que irá substituir o F-5 Tiger.

 

Esquadrão Pampa
Tenente-coronel aviador Ricardo Rezende

 

Qual é o papel da Base Aérea de Canoas e do Esquadrão Pampa no englobado da FAB?

A BACO está situada numa área estratégica do território brasileiro. Nós fazemos a defesa aérea de todo o cone sul do Brasil.

 

(c) André Garcez Photography

Como é que está organizada a defesa aérea da zona sul do Brasil, neste caso no Rio Grande do Sul?

A defesa aérea do espaço aéreo brasileiro como um todo é totalmente integrada. Estamos divididos em regiões e cada região tem uma responsabilidade e uma infraestrutura delineada para fazê-la funcionar. Quando falamos de defesa aérea do cone sul estamos a falar de um sistema integrado de defesa aérea onde temos um órgão central que legisla sobre o nosso modo de operação e essa defesa está integrada com a região sudeste e com a região do norte.

 

(c) André Garcez Photography

Qual a razão que levou a que Porto Alegre tenha sido a cidade escolhida para acolher o esquadrão Pampa?

As unidades da FAB estão distribuídas no Brasil de forma a tentar cobrir todo o espaço aéreo brasileiro. Essa é a intenção. O facto de nós estarmos aqui em Porto Alegre, como unidade de caça de primeira linha, não significa muito. Podia ser noutro local, como Florianópolis, mas esse já é um planeamento bem antigo com 68 anos. Dentro da avaliação do cenário da época colocaram o esquadrão aqui, mas pode ser que amanhã não estejamos mais aqui. Podemos ser designados para ir para a Amazónia. Isso é uma característica da própria aviação que tem uma flexibilidade muito grande.

 

(c) André Garcez Photography

Quais foram as aeronaves que o esquadrão operou e qual foi o ano de fundação do esquadrão Pampa?

A data de data de criação do Esquadrão Pampa é de 24 de março de 1947. Somos oriundos do 3º regimento de aviação que era sediado em Santa Maria inicialmente e depois veio aqui para Canoas. Aliás aqui era o município de Gravataí e depois virou Canoas e se tornou na Base Aérea de Canoas. De lá para cá nós operamos diversas aeronaves.

 

(c) André Garcez Photography

Quantos F-5 é que estão destacados para o Esquadrão Pampa atualmente?

A nossa dotação de aeronaves varia um pouco. Existe um planeamento logístico e à medida que as aeronaves vão atingindo o tempo para entrar em inspeção programada elas vão sendo redistribuídas. Temos 3 hangares de F-5: um em Manaus, um no Rio e outro aqui em Canoas. Dentro da lotação de aeronaves F-5 que a FAB tem eles vão redistribuindo as aeronaves para que mantenhamos uma diagonal de manutenção adequada. Ficamos girando na faixa entre 10 a 15 aeronaves na unidade aérea, mas não significa que essas 10 ou 15 aeronaves estejam fixas. Por exemplo na semana passada entregámos uma aeronave para manutenção, mas depois ela pode ir para outra unidade.

 

(c) André Garcez Photography

Qual é o principal armamento do F-5?

O armamento que é integrado na nossa aeronave hoje basicamente são os armamentos anteriores como as bombas e a nova parte ar-ar que em tentamos integrar o míssil que o Brasil tiver adquirido.

 

(c) André Garcez Photography

O F-5 emprega neste momento armamento nacional?

Temos o míssil piranha, por exemplo, que é um míssil ar-ar. Há outros misseis que ainda estão em desenvolvimento, mas a verdade é que a estratégia nacional de defesa brasileira é muito voltada para o fortalecimento da indústria nacional.

 

(c) André Garcez Photography

Qual é a atividade área do F-5 em Canoas: o número de horas total do esquadrão? O número de horas alocado a um piloto do esquadrão Pampa? O número de saídas médias por dia para missões da aeronave?

Costumamos planear as missões ao longo do dia, mas normalmente conseguimos fazer mais de 20 saídas ao dia se a meteorologia permitir. Nós voamos todos os dias da semana, mas com meteorologia fechada muito provavelmente não vamos descolar. Ao longo do ano a média vai variar bastante por causa da meteorologia. Temos tudo planeado mas podemos não cumprir. Por causa disso nós deslocamo-nos para outras unidades para podermos operar e fazermos exercícios integrados. Normalmente esses destacamentos duram mais ou menos um mês, mas chegamos a ficar mais de 100 dias fora da BACO, como por exemplo durante a Copa do Mundo, em que ficamos com o avião espalhado pelo Brasil quase o ano inteiro. Mas a atividade aérea em Canoas continua durante essas outras operações. Dificilmente deslocamos o esquadrão todo porque o alerta aqui mantém-se.

 

(c) André Garcez Photography

Como é constituído o alerta aqui em Porto Alegre? São duas aeronaves ou mais?

Depende do planeamento do órgão central que organiza toda a parte de defesa aérea. De todos os meios disponíveis é esse centro que vai decidir qual a aeronave que vai operar, quantas serão colocadas em alerta bem como o tempo de reação que ele requer. Eu já cheguei a operar aqui com 6 aviões de alerta o tempo todo. Mas não é o normal. O normal é ficarem duas aeronaves de alerta, mas tudo depende da decisão do órgão central.

 

(c) André Garcez Photography

Qual é o tempo de reação?

Depende muito da missão e do que é para fazer. Não tenho um número exato para vos dar. Mas cumprimos sempre o tempo que é determinado.

Qual é o número de pilotos F-5 aqui na BACO?

Hoje temos 23 pilotos que servem aqui que são subordinados a mim (já contando com os que estão no curso) e temos pilotos de F-5 já formados e mais experientes que servem outras unidades aqui na área ou até mesmo fora de Porto Alegre mas que vêm para cá voar connosco. Aqui é um coração de mãe. Cabe todo o mundo.

 

(c) André Garcez Photography

Em média quantos pilotos é que entram anualmente para o esquadrão?

Uma média de 4 ou 5 pilotos por ano. É uma média boa.

 

(c) André Garcez Photography

No que respeita à manutenção das aeronaves quais são as empresas civis que operam na BACO?

Temos a capacidade de fazer a manutenção completa das nossas aeronaves, mas também temos logística contratada com a Air Eletrónica, a Embraer e a TAP Maintenance. O facto de termos a TAP para fazer a manutenção ajuda-nos porque tira um pouco da sobrecarga logística do esquadrão e permite-nos designar a nossa mão-de-obra para outras aeronaves e aumentar a nossa disponibilidade na linha de voo.

 

(c) André Garcez Photography

Quanto ao futuro quando é que vão receber o Gripen?

O projeto é que o Gripen venha no futuro substituir as aeronaves F-5 para a defesa do espaço aéreo brasileiro. Ainda é cedo para dizer quando virá para cá porque estamos em processo de negociação. Neste momento temos dois pilotos na Suécia em formação para conhecerem a capacidade operacional e para se familiarizarem com a aeronave. Mas acredito que será uma adaptação rápida.

 

 

Texto: Carlos Garcez/Rute Lacerda

Fotos: André Garcez

(c) André Garcez Photography

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