Fernando Pinto responde às questões dos deputados portugueses sobre a TAP

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O antigo presidente executivo da TAP Fernando Pinto refere que a antiga administradora da empresa Alexandra Reis “era percecionada como tendo um perfil algo conflituoso”, enaltecendo a sua competência, foco e “bom desempenho” na companhia aérea.

Nas respostas que enviou à comissão parlamentar de inquérito à TAP, e às quais a agência portuguesa de notícias ‘Lusa’ teve acesso nesta terça-feira, dia 20 de junho, Fernando Pinto recorda que Alexandra Reis foi admitida num processo de seleção no qual o antigo presidente também participou.

“Por um lado, entendo que, como responsável pela área das compras da empresa, foi uma pessoa extremamente focada e que teve um bom desempenho na minha época. Por outro lado, sei que era percecionada como tendo um perfil algo conflituoso”, admite.

No entanto, enquanto esteve nas funções de presidente executivo, Fernando Pinto assinala que pôde “constatar a competência” de Alexandra Reis.

Foi a polémica indemnização de 500.000 euros a Alexandra Reis que esteve na origem desta comissão de inquérito, um processo que motivou também a saída do Governo do ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos e a demissão por justa causa dos antigos presidentes do Conselho de Administração e da Comissão Executiva da transportadora aérea de bandeira portuguesa.

No conjunto de respostas às mais de 100 perguntas dos deputados, Fernando Pinto não concorda com a ideia que a anulação do contrato para a compra de 12 aviões Airbus A350 tenha lesado a TAP.

Recordando que quando o negócio foi feito inicialmente foi em condições de mercado excecionais, ou seja, com um preço baixo, o antigo presidente ressalva que “ao longo do tempo a especificação do avião foi mudando e o novo modelo passou a não ser tão interessante para a TAP”.

“A Airbus tinha interesse em ficar com os A350 para outros clientes e, portanto, interessou-se em fazer a troca dos modelos e até em injetar algum dinheiro adicional na TAP atendendo não só a essa troca, mas também às novas encomendas dos restantes modelos de aviões”, acrescenta.

Na opinião de Fernando Pinto, os novos modelos adquiridos estão a ajudar hoje a empresa na sua recuperação.

O antigo presidente da TAP assegura aos deputados que este processo de negociação dos aviões “foi debatido com a tutela, com a Parpública e a Secretaria de Estado do Tesouro”, à qual reportaram toda a informação que dispunham sobre a matéria.

“Houve um memorando jurídico da sociedade de advogados VdA que se pronunciou sobre a compatibilidade do negócio com a lei”, enfatiza, reiterando que esta operação foi benéfica para a TAP porque “permitiu ficar com aviões novos e mais adequados e, além disso, obteve uma injeção de capital fundamental para a sua atividade”.

Fernando Pinto deixa ainda claro que a “TAP privatizada é a TAP” em que acredita.

“Não vejo grande benefício num comprador puramente financeiro. Qualquer comprador deve ter uma noção muito forte da estratégia de tudo o que envolve uma empresa aérea. Entendo que deve ser uma empresa que não coloque em causa o hub de Lisboa, pois é essencial para a atividade da empresa”, defende.

Já sobre VEM, a empresa de engenharia e manutenção de aviões adquirida pela TAP no Brasil à ex-VARIG, Fernando Pinto começa por recordar que toda esta matéria foi objeto de prolongada investigação do Ministério Público, que decidiu arquivar o processo por “inexistência de indícios criminais”.

“Aos olhos da época, entendo que foi uma boa opção para a TAP”, contrapôs, explicando que então o negócio da manutenção “era dos melhores que existiam numa empresa aérea” e que, na altura, ajudou a um posicionamento relevante no mercado do Brasil e da América do Sul.

No entanto, Fernando Pinto assume que, como hoje se sabe, “a performance económica da própria VEM não foi positiva e isso teve impacto nas contas da TAP SGPS”.

Já sobre o conjunto de questões a propósito da sua entrada na ‘Atlantic Gateway’ antes da conclusão da privatização, o antigo responsável é perentório: “nunca fui convidado para integrar os seus órgãos sociais [da Atlantic Gateway] e nunca exerci funções nessa empresa antes da privatização. Soube que essa situação terá resultado de um erro, ao qual sou alheio. Tanto quanto sei, esse erro acabou por ser corrigido”.

Em relação à sua entrada nos referidos órgãos socais já depois do processo concluído, Fernando Pinto recorda que se prendeu com uma exigência na ANAC de ter alguém “com reconhecido conhecimento do transporte aéreo e que tivesse nacionalidade europeia”, requisitos cumulativos que nenhum dos dois acionistas reunia.

 

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