Localização geográfica, infraestrutura do aeroporto e potencial de crescimento do terminal. Esses são os principais critérios que serão levados em conta pela LATAM Airlines – controladora da brasileira TAM e chilena LAN – para a escolha do seu futuro hub (centro de conexões de voos) no Nordeste Brasileiro. A companhia vai escolher entre os aeroportos de Fortaleza, Natal e Recife para instalação de seu hub – aeroporto que se caracteriza pela dimensão e atração de grande número de voos ou, também, onde uma companhia aérea possui sede, hangares ou terminais dedicados.
“O grupo já iniciou análises de viabilidade para a iniciativa que pretende ampliar a atuação em voos entre a América do Sul e a Europa, considerando a posição geográfica estratégica da região”, refere uma nota de imprensa distribuída nesta sexta-feira, dia 26 de Junho, pela Secretaria da Aviação Civil do Governo Federal do Brasil, que confirma os números avançados por algumas publicações de que serão 14 voos diários para a Europa e 46 para a América do Sul a partir do hub, que por sua vez criará 10.000 empregos no Estado em que ficar implantado.
Nessa disputa aberta, Fortaleza entrou recentemente no novo pacote de concessões de aeroportos. Natal é o ponto mais próximo da Europa. Já Recife sedia o aeroporto que foi eleito pelos passageiros o melhor do Brasil no prémio “Aeroportos + Brasil 2015”, promovido pela Secretaria de Aviação Civil.
Com investimento previsto de até 4 mil milhões de reais, a LATAM deve definir o início da implementação do hub ainda neste ano. Já as operações devem iniciar em dezembro de 2016. Há outros fatores determinantes, como custos menores e incentivos fiscais, como redução na alíquota do ICMS sobre o querosene de avião. No Rio Grande do Norte, por exemplo, a base de cálculo do ICMS sobre o querosene de aviação é de 17%. Há redução da alíquota para 12% e, adicionalmente, para 9% para as empresas que criarem voos internacionais. No Ceará, a base de cálculo do ICMS sobre o querosene é de 25%. Há redução para 12% mediante criação de rota para o exterior e para aeronaves de 80 assentos de companhias com linhas regulares nas regiões Norte e Nordeste. Em Pernambuco, a base de cálculo é de 25%.
Importância do turismo na definição do novo hub da LATAM Airlines
O novo hub na Região Nordeste do Brasil – seja no Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves/São Gonçalo do Amarante (Natal), no Aeroporto Internacional Pinto Martins (Fortaleza) ou no Aeroporto Internacional dos Guararapes (Recife) – oferecerá tempo bem menor de voos entre o Brasil e a Europa, na comparação com São Paulo e Rio de Janeiro, além de distribuir melhor as conexões e horários. A ideia é aproveitar melhor os aviões e dar mais opções aos clientes. O aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, é o principal hub internacional da companhia.
Em 2014, mais de 62 milhões de turistas fizeram 206 milhões de viagens pelo país – 80% do turismo brasileiro é de litoral e o Nordeste lidera entre as escolhas dos viajantes. Quatro entre cada dez brasileiros que pretendem viajar nos próximos seis meses querem ir para o Nordeste, segundo recente pesquisa do Ministério do Turismo. O Nordeste, por sua vez, é o destino de 30% das viagens no Brasil e recebeu 450 mil estrangeiros no ano passado. Nesse contexto, o programa de aviação regional da Secretaria de Aviação Civil tem sua importância, pois vai construir ou reformar 270 aeroportos no interior do Brasil. Do total, 64 estão no Nordeste.
Projeto de atratividade e conectividade internacional
A presidente executiva da TAM S.A. e da TAM Linhas Aéreas, Claudia Sender, explica que o projeto do hub no Nordeste ampliará a capilaridade das operações das empresas do grupo no Brasil, na América do Sul e no mercado internacional, aumentando principalmente os destinos atendidos na Europa. “Também reforçará a liderança do Grupo na América Latina, incrementará a conectividade oferecida aos clientes e otimizará a cobertura do fluxo de passageiros e de carga de/para o Brasil com outros mercados”, afirma Claudia Sender.
Segundo ela, as operações do novo hub serão realizadas com a frota que o Grupo Latam já tem contratada. Ou seja, não será necessário haver encomendas adicionais de aeronaves. “Serão feitos contatos com as autoridades para viabilizar os requisitos necessários que permitirão a escolha de uma das três capitais. Alguns fatores, como a existência de infraestrutura adequada e a competitividade de custos, vão nortear a definição e serão determinantes para a concretização do projeto”, aponta.
Os destinos a partir do hub serão definidos ao longo do processo de implementação. A iniciativa possibilitará tornar o Nordeste referência geográfica de atratividade e conectividade internacional, fomentando o desenvolvimento da região. “Acreditamos no potencial da região, por sua posição geográfica privilegiada e vocação para o turismo. Vários países têm explorado oportunidades semelhantes, criando destinos e gerando riqueza e desenvolvimento, por meio da criação de hubs, como em nações do Oriente Médio e América Central. Em alguns casos, os hubs foram desenvolvidos a tal ponto que países hoje têm mais passageiros que habitantes”, comentou Claudia Sender.
As condições que oferecem os três aeroportos do Nordeste
De acordo com a Infraero, que administra o aeroporto de Recife, no Estado de Pernambuco, o terminal não receberá modificações específicas para se adequar a uma eventual escolha da Latam. O Aeroporto de Guararapes já opera, segundo a Infraero, abaixo da sua capacidade. O terminal recebeu 7,1 milhões de embarques e desembarques em 2014 e tem capacidade para receber 16,5 milhões de passageiros por ano.
Ainda segundo a Infraero, as obras previstas para o Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza, Estado do Ceará, estão relacionadas com a ampliação da capacidade do aeroporto para atender à demanda atual e futura, não estando relacionadas com o hub da Latam.
No caso do aeroporto de Natal, no Estado do Rio Grande do Norte, que é 100% concedido para o consórcio Inframérica, com o aumento do número de viagens, seria necessário aumentar o número de mangas de embarque, também denominadas na linguagem aeroportuária por fingers. Hoje, o terminal possui seis fingers com capacidade para até oito aviões. Segundo análise do aeroporto, esse número deverá ser duplicado. O presidente do consórcio, José Luís Menghini, adianta que o consórcio tem planos de ampliação para o terminal e ressalta a possibilidade de expansão da área interna do aeroporto.