Na passada sexta-feira, passaram 60 anos sobre o famoso tonneau de Tex Johnston com o protótipo do Boeing 707. Tratou-se de um evento promocional para um investimento que custaria em dólares de hoje, qualquer coisa como 144 milhões de dólares/131 milhões de euros (praticamente todo o lucro realizado pela Boeing desde a Segunda Guerra Mundial. E foi feito sem o conhecimento de Bill Allen, o então presidente da companhia, que estava a assistir à demonstração e começou a “fumegar”. Não era um homem feliz. O futuro da empresa estava por um fio e não havia tempo para truques. Tratava-se da entrada da companhia na era dos jactos.
Mas, há 60 anos, no dia 7 de Agosto de 1955, o chefe de testes de voo da Boeing, o lendário Alvin “Tex” Johnston realizou o impressionante tonneau com o protótipo do Boeing 707. Na tarde daquele dia, sobre o lago Washington, perante uma multidão de 250 mil espectadores que assistiam a Gold Cup de corridas aquáticas e executivos de companhias aéreas de todo o mundo (que estavam em Seattle para uma reunião anual), Johnston não se limitou a fazer um flyover. À velocidade de 490 milhas por hora, Johnston efectuou dois tonneaux. Isto é, colocou o avião de 248 mil libras (112,4 toneladas) de “cabeça para baixo”.
Curiosamente, os jornais locais não mencionaram os tonneaux e o responsável das relações públicas da Boeing só mais tarde percebeu que a maioria dos profissionais da imprensa presente era jornalistas de desporto, mais interessados nas corridas de barcos do que em aviões. Apenas um par de espectadores apontou as suas câmaras de filmar para o céu e as únicas imagens do tonneau que existem duram uns escassos segundos. Há também uma foto de Seattle de “pernas para o ar” tirada a bordo do avião pelo engenheiro de voo Bel Whitehead, sentado junto a uma janela da cabina de passageiros. Johnston só o tinha informado da manobra, a ele e ao copiloto Jim Gannett, depois de estarem no ar. Depois da proeza, a história do tonneau começou a espalhar-se e tomou proporções míticas. Um mês depois, a Pan Am encomendou 20 aviões B707 e a Boeing acabaria por vender 1010 aparelhos entre 1958 e 1994.