Um helicóptero utilizado pelo dispositivo de combate a incêndios florestais caiu ao fim da tarde desta quinta-feira, dia 1 de setembro, em Amares, no distrito de Braga, no norte de Portugal (LINK notícia relacionada).
A aeronave ficou destruída e está irrecuperável, segundo noticia a imprensa portuguesa, citando fontes ligadas ao setor aeronáutico. O piloto, com 53 anos de idade, apresenta ferimentos e traumatismo graves, mas não corre risco de vida. Está “estável e internado nos cuidados intermédios” do Hospital de Braga.
Na noite de quinta-feira, o comandante Pedro Araújo, da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEP), explicou que o piloto “estava fora de perigo de vida”, mas sublinhou, contudo, tratar-se “de um ferido grave, com várias lesões e fraturas, nomeadamente ao nível dos membros inferiores e da zona pélvica”, adiantava então a agência de notícias ‘Lusa’.
O aparelho que estava a operar num cenário de fogo, é um Bell 412, operado pela empresa portuguesa ‘Helibravo’, contratada pelo Governo Português. “Ficou destruído, com perda total”, segundo a ‘Lusa’, que cita fontes aeronáuticas.
Um outro meio aéreo de combate a incêndios já foi reposto no Centro de Meios Aéreos de Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo, onde estava sediado o aparelho acidentado.
Na manhã desta sexta-feira, dia 2 de setembro, chegou ao local do acidente uma equipa do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), assim como elementos da REN – Redes Energéticas Nacionais. A aeronave terá embatido em “cabos de muito alta tensão”, quando voava a baixa altitude, depois de uma última largada de água sobre a área onde se desenvolvia o fogo florestal.
O acidente aconteceu cerca das 19h25, “após a última largada do dia”, quando o helicóptero embateu em “cabos de muito alta tensão”, avançaram na quinta-feira à Lusa fontes ligadas à aviação.
Quanto à operação para a retirada do helicóptero acidentado, esta “será muito complicada”, pois o aparelho encontra-se numa zona de densa vegetação, com muitas árvores e sem acessos.
APROSOC critica ausência de detetores de obstáculos
Entretanto, a Associação de Proteção e Socorro (APROSOC) criticou nesta quinta-feira, à noite, a “ausência de equipamento específico para a deteção de obstáculos no ar”, após o acidente com o helicóptero em Amares.
“Infelizmente esta queda em nada nos surpreendente, estes meios reportam frequentemente avarias em voo (…), colocando mesmo em causa as inspeções técnicas realizadas”, realçou o presidente da APROSOC, João Paulo Saraiva, em comunicado.
Para João Paulo Saraiva, a ausência de equipamento de detenção de obstáculos “continua a fazer vítimas e a revelar que nada se aprendeu com os acidentes anteriores em que outros pilotos ficaram feridos ou perderam a vida”.
O dirigente deu como exemplos os incêndios na Trafaria, no concelho de Almada (Setúbal), em que o sistema de água da aeronave não abria e de outro helicóptero, que combatia um fogo “no norte do país” que partiu a cauda na aterragem.
“Os pilotos destes meios [aéreos] devem ser as pessoas mais crentes na proteção divina, porque a proteção técnica deixa aparentemente muito a desejar”, observou.
João Paulo Saraiva deixou ainda a questão: “se uma aeronave pode ser tripulada somente pelo piloto, o que evita a queda até mesmo numa zona habitacional em caso de doença súbita do piloto?”.