A LAM – Linhas Aéreas de Moçambique suspendeu a compra de três aviões Boeing 737-800 (LINK notícia relacionada) por falta de dinheiro para financiar a operação, disse nesta segunda-feira, dia 5 de setembro, o presidente do conselho de administração da companhia de bandeira moçambicana, em declarações à agência noticiosa portuguesa Lusa.
“A LAM decidiu recuar da decisão de comprar novas aeronaves, cuja primeira devia chegar em novembro, devido à incapacidade financeira de custear essa aquisição”, afirmou António Pinto de Abreu, citado pela Agência de Informação de Moçambique (AIM), à margem do Conselho Consultivo do Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE), em Maputo, capital deste Estado da África Austral.
Os outros dois aparelhos deviam chegar no próximo ano, segundo Pinto de Abreu, que disse estar em contacto com a Boeing para serem devolvidos os montantes já adiantados.
Segundo o presidente da LAM, a empresa tem uma dívida de 139 milhões de dólares (124 milhões de euros), abaixo dos 160 milhões de dólares (143 milhões de euros) que a nova administração encontrou quando chegou há seis meses à empresa.
“A saúde financeira da LAM não é boa. A nível da assembleia- geral, tivemos oportunidade de partilhar recentemente a situação financeira do encerramento das contas de 2015, que mostram uma situação deficitária, decorrente de motivos de ordem estrutural”, afirmou.
Entre os motivos das perdas, Pinto de Abreu explicou que a LAM possui aviões de três construtoras (Boeing, Embraer e Bombardier), de diversos modelos, o que faz aumentar os custos em assessórios e da capacidade técnica para se adaptarem a cada aeroporto do país.
Com a suspensão da compra dos novos aviões, fica comprometida a meta de a LAM voar para todos os destinos da região, disse o presidente da transportadora aérea, que, no passado dia 1 de julho, suspendeu os voos diretos que ligavam Maputo e Luanda, capital de Angola, devido à fraca procura.
Moçambique vive um período de crise marcado pelo arrefecimento do crescimento da economia, forte desvalorização da moeda nacional, descida do preço das matérias-primas de exportação, subida da inflação e uma drástica redução do investimento. Vive-se ainda um clima de instabilidade político-militar, sobretudo na zona central do território, afetando a circulação de pessoas e bens, e pelo caso das dívidas escondidas, que levaram à suspensão de parte da ajuda externa e fez com que a dívida pública disparasse para os 86% do Produto Interno Bruto (PIB).