O indigitado presidente do Conselho de Administração do Grupo SATA admitiu nesta segunda-feira, dia 9 de dezembro, numa audição parlamentar na cidade da Horta, ilha do Faial, na Região Autónoma dos Açores, que as medidas de reestruturação da empresa vão “doer”, mas não esclareceu a quem, noticiou a agência ‘Lusa’.
“A empresa tem uma série de problemas estruturais graves. O seu modelo de negócios não é sustentável”, reconheceu Luís Rodrigues, que esteve a ser ouvido pelos deputados da Comissão de Economia da Assembleia Regional, de acordo com a legislação em vigor que submete à apreciação dos parlamentares regionais a admissão do novo presidente do Conselho de Administração do Grupo SATA, constituído por capitais públicos e dono de duas empresas aéreas, ambas com sede nos Açores: a SATA Air Açores, que se dedica a voos inter-ilhas; e a Azores Airlines que voa para fora do arquipélago português.
Luís Rodrigues adiantou que, perante este cenário, são necessárias “medidas estruturais marcantes que, além de doer, vão demorar tempo”.
Questionado pelos deputados pelos deputados, Luís Rodrigues escusou-se a dizer se se referia aos trabalhadores do Grupo SATA ou eventualmente aos quadros intermédios da empresa, sendo certo que o Governo Regional já tinha anunciado que é preciso reduzir os custos com pessoal para apenas 18% do volume total de faturação da empresa.
O novo administrador falou também das contas do grupo aéreo açoriano (que tem apresentado sucessivos resultados negativos), para dizer que é possível “equilibrar” os números, com base no crescimento do turismo, no aumento do poder de compra da classe média e no mercado da diáspora.
Luís Rodrigues, que já foi administrador da TAP, lembrou que só assumirá as funções de presidente do Grupo SATA em janeiro de 2020, mas que, até ao verão do próximo ano, terá de se deslocar frequentemente a Lisboa, devido a compromissos académicos.
O novo presidente da SATA indigitado revelou também que a única imposição que colocou ao Governo, para aceitar o cargo, foi a de ter “carta branca” para escolher os restantes membros do Conselho de Administração, escusando-se, por outro lado, a revelar qual o vencimento que irá auferir nestas novas funções.
Os jornalistas contavam também poder interrogar o novo presidente da SATA, mas, à saída da reunião, Luís Rodrigues disse que só falava à comunicação social depois de tomar posse.
Os partidos da oposição que participaram nesta audição não esconderam, no final, o seu desagrado por o novo presidente indigitado não ter respondido a muitas das questões levantadas pelos deputados.
De acordo com o relatório de contas do primeiro semestre de 2019, o Grupo SATA está a atravessar graves dificuldades económicas, registando prejuízos de 26,9 milhões de euros na SATA Internacional e de 6,6 milhões na SATA Air Açores, em apenas seis meses.