Ministério Público recorre da sentença que ilibou Airbus e Air France de responsabilidades

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O Ministério Público de Paris anunciou nesta quinta-feira, dia 27 de abril, que recorreu da sentença que ilibou a fabricante Airbus e a companhia aérea Air France no caso do acidente do voo Rio de Janeiro/Galeão-Paris/Orly em 2009, que matou 228 pessoas (LINK notícia relacionada).

No recurso da sentença, que foi apresentado na quarta-feira ao Tribunal de Recurso de Paris, o Ministério Público pretende dar “pleno efeito aos recursos previstos na lei” e “submeter o caso à segunda instância do sistema judiciário”, afirmou o Ministério Público num comunicado.

“É um grande alívio”, reagiu à agência de notícias ‘AFP’ Alain Jakubowicz, advogado de cerca de quarenta vítimas e da associação de famílias ‘Entraide et Solidarité’.

“Este recurso do Ministério Público é a última oportunidade para as famílias das vítimas”, insistiu o advogado, apontando que houve muitos “erros neste caso”.

“Haverá um novo julgamento e a determinação das famílias será ainda maior. Isto nos dá muita esperança”, afirmou Jakubowicz.

Um tribunal parisiense absolveu em 17 de abril o fabricante europeu Airbus e a companhia aérea Air France da acusação de homicídio involuntário após a queda em 2009 do voo de ligação Rio de Janeiro/Paris, que matou 228 pessoas.

Quase 14 anos após o desastre, o tribunal criminal de Paris absolveu as duas empresas, decidindo que, embora tivessem existido “falhas”, tal “não permitiu demonstrar qualquer relação causal” com o acidente com o voo AF447, um Airbus A330-200.

O acidente levou a mudanças duradouras nas medidas de segurança das aeronaves, uma vez que a investigação oficial descobriu que para o acidente contribuíram múltiplos fatores, incluindo erro do piloto e a sobreposição de gelo nos sensores externos.

O julgamento, que durou cerca de dois meses [entre 10 de outubro a 08 de dezembro de 2022], deixou as famílias enlutadas em raiva e desilusão.

O avião Airbus A330-200 desapareceu do radar numa tempestade sobre o Oceano Atlântico a 1 de junho de 2009, com 216 passageiros e 12 membros da tripulação a bordo.

Para encontrar o avião foram necessários dois anos, o que permitiu recuperar as gravações contidas nas caixas negras que estavam a mais de 4.000 metros de profundidade.

As caixas negras confirmaram o ponto de partida do acidente: o gelo nos sensores de velocidade ‘pitot’ enquanto o avião voava a grande altitude numa difícil zona de turbulência perto do equador.

Um dos copilotos, perturbado pelas consequências desta falha, adotou uma trajetória ascendente e, num estado de incompreensão, os três pilotos não conseguiram recuperar o controlo do avião, que estagnou e se despenhou no oceano 4,23 minutos mais tarde.

As investigações revelaram que incidentes com sensores semelhantes tinham ocorrido repetidamente nos meses que antecederam o acidente.

Para o tribunal francês, a Airbus cometeu “quatro imprudências ou negligência”, em particular não ter substituído o modelo dos sensores ‘pitot’, conhecido como “AA”, que parecia congelar mais frequentemente na frota A330-A340, e o facto de ter mostrado “retenção de informação” das empresas.

A Air France cometeu duas imprudências, ligadas à forma como distribuía uma nota de informação aos seus pilotos sobre a falha dos sensores.

A companhia aérea francesa já indemnizou as famílias de pessoas mortas no acidente, oriundas de 33 países, em grande parte franceses (72) e brasileiros (58).

 

  • Foto de abertura: Airbus A330-200 da Air France ©Alexandre Abrial

 

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