O avião de passageiros Embraer E190AR da Azerbaijan Airlines (AZAL) que se despenhou no Cazaquistão na quarta-feira, dia 25 de dezembro, foi atingido por um míssil antiaéreo russo, revelaram nesta quinta-feira, dia 26, duas fontes governamentais do Azerbaijão, sob condição de anonimato.
O aparelho terá sido atingido por estilhaços de um míssil terra-ar disparado por uma plataforma militar da Federação Russa, quando se encontrava no espaço aéreo da cidade russa de Grozny, o seu destino.
O avião fazia um voo regular entre Baku, e Grozny, na região russa da Chechénia, e levaria a bordo 67 pessoas, das quais 38 morreram no acidente.
Poucas horas depois do início do voo, o avião da Azerbaijan Airlines (AZAL) solicitou uma aterragem de emergência.
Devido a nevoeiro intenso em Grozny, o avião foi desviado primeiro para Makhachkala, no Daguestão russo, e depois atravessou o Mar Cáspio até para Aktau, onde acabou por se despenhar a cerca de três quilómetros do aeroporto da cidade.
Numa primeira ocasião a Agência Federal de Transportes Aéreos da Rússia apressou-se a informar que, provavelmente o avião teria sofrido um bird strike (colisão com aves), razão pela qual o comandante teria optado pela aterragem de emergência em Aktau. De qualquer modo, uma razão em que poucos acreditaram, já que após o suposto impacto das aves o avião ainda conseguiu atravessar o Mar Cáspio.
Aina no dia do acidente, a Ucrânia, sem muitos comentários, acusou a Rússia de ter abatido o avião da AZAL com um míssil de defesa aérea.
“A explosão de um míssil de defesa aérea danificou o avião e desativou os seus sistemas”, disse o chefe do Centro de Combate à Desinformação do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, Andri Kovalenko.
Segundo Kovalenko, os buracos na fuselagem e também no interior do avião, que que podem ser vistos nas fotografias divulgadas pelos passageiros nas redes sociais, algumas delas obtidas antes da queda do aeronave, não poderiam ter sido causados por pássaros.
“A Rússia devia ter fechado o espaço aéreo sobre Grozny, mas não o fez”, disse Kovalenko, referindo-se aos riscos criados pelo ataque de ‘drones’ que estava a ocorrer na altura cidade chechena.
A cidade russa foi atacada por ‘drones’ na manhã de quarta-feira, confirmou o secretário do Conselho de Segurança da Chechénia e sobrinho do chefe da região, Khamzat Kadirov.
“Tudo o que estava a voar foi abatido”, disse nas redes sociais na quarta-feira, segundo a agência espanhola EFE.
“O avião foi danificado pelos russos e enviado para o Cazaquistão, em vez de fazer uma aterragem de emergência em Grozny e salvar vidas”, acusou Kovalenko.
Reagindo à possibilidade de o avião ter sido atacado, o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, apelou para que não se tirassem conclusões precipitadas sobre as causas do acidente.
“Seria errado fazer suposições antes das conclusões do inquérito. É claro que não o faremos e ninguém o deve fazer”, disse Peskov durante a conferência de imprensa telefónica diária.
O Ministério das Situações de Emergência do Cazaquistão indicou na quarta-feira, na rede social ‘Telegram’, que 29 pessoas estavam hospitalizadas, incluindo três crianças.
A AZAL anunciou a suspensão de todos os voos para Grozny e Makhachkala até que as causas da tragédia sejam esclarecidas.
Peritos brasileiros da Embraer deverão chegar ao Cazaquistão na sexta-feira, dia 27 de dezembro, para participarem na investigação do desastre aéreo.
Secretário-geral das Nações Unidas manifesta tristeza e expressa solidariedade às famílias das vítimas
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, lamentou o acidente de avião ocorrido na quarta-feira no Cazaquistão, com um balanço provisório de 38 mortos e 29 feridos, pelo qual a Ucrânia responsabilizou a Rússia.
“Guterres está profundamente triste com a notícia de um acidente de avião no oeste do Cazaquistão, que causou muitas mortes, incluindo cidadãos azeris, cazaques, quirguizes e russos”, disse a porta-voz adjunta Stéphanie Tremblay num comunicado.
O chefe da ONU transmitiu “sinceras condolências” às famílias das vítimas e expressou a “mais profunda simpatia às nações afetadas”, segundo a porta-voz, citada pela agência espanhola ‘Europa Press’.