A Norwegian, que chegou a ser uma das mais importantes marcas de transporte aéreo no continente europeu, no regime de baixo custo, com voos entre relevantes aeroportos da Europa e para destinos internacionais, nomeadamente para os Estados Unidos da América e para zonas de maior procura e reputação turísticas, exige à Boeing uma indemnização no valor de mil milhões (bilhão no Brasil) de euros e a devolução dos aviões nos quais diz não confiar.
A Norwegian, antes da pandemia estava numa situação financeira muito difícil, o que levou ao encerramento da subsidiária na Argentina e ao emagrecimento das suas operações. Em círculos afetos à indústria da aviação comercial eram reconhecidos os méritos de trabalhar com uma frota de aviões novos e ter um departamento de marketing muito agressivo, mas muitos consideravam que tinha havido muitos erros de gestão ao longo do processo de desenvolvimento e crescimento de rotas nos últimos anos, que criou uma dívida insustentável.
Os responsáveis pela companhia sempre apontaram à Boeing a origem dos constrangimentos que a companhia estava a sofrer. Primeiro, indiretamente, devido ao atraso na certificação dos motores que equipam os aviões Boeing 787, que chegaram à companhia muito atrasados em relação à data contratada. Depois foi o descalabro, com a paragem, desde março de 2019, dos Boeing 737 MAX, pelos problemas que são bem conhecidos.
A Norwegiam agora entrou com uma ação judicial nos EUA e acusa a Boeing de “negligência grave” nesses dois tipos de aviões. O argumento principal que sustenta o pedido de indemnização é que esses problemas técnicos levaram a companhia a cancelar “milhares de voos”, segundo refere o jornal económico ‘Dagens Næringsliv’ (DN), que se publica em Oslo, na Noruega.
A companhia está hoje bastante menor, em termos de frota e de rotas. Pertence ao grupo de credores, que são em grande parte entidades bancárias e às empresas de leasing proprietárias dos aviões. As negociações com a Boeing não chegaram a qualquer entendimento. A Norwegian cancelou 10 mil milhões de dólares de encomendas à Boeing, quer devolver os aviões nos quais diz não confiar e quer ser ressarcida dos prejuízos que a chegada tardia dos aparelhos novos provocou na companhia.
Uma situação para ser resolvida nos tribunais, adianta o jornal norueguês, que lembra que a Boeing, recentemente, conseguiu chegar a acordo com a TUIfly e com a Icelandair, que tinham 15 e 18 aeronaves B737 MAX paradas, respetivamente, e que receberam uma compensação de 250 milhões de dólares.