O Airbus A380 da Hi Fly que foi apresentado na semana passada em Farnborough, no Reino Unido, e que nesta segunda-feira, dia 23 de julho, chegou ao Aeroporto de Beja/Alentejo, vai aterrar em breve no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.
Paulo Mirpuri, presidente do grupo aéreo português, garantiu ao ‘Newsavia’ que isso irá acontecer dentro de pouco tempo, depois desta primeira aterragem num aeroporto português, que aconteceu em Beja por ser presentemente uma das bases da Hi Fly, que ali deixa alguns dos seus aviões de longo curso quando não estão comprometidos com operações. “Não têm fundamente os boatos de que o A380 não pode aterrar em Lisboa”, esclareceu.
Falando ao ‘Newsavia’ em Farnborough, no final da apresentação do primeiro A380 que irá dedicar-se a operações de wet lease, Paulo Mirpuri disse que a integração do maior avião comercial do mundo na frota da Hi Fly, surge na sequência natural da expansão da companhia que opera desde há 12 anos com aviões de longo curso, com dois corredores. “Numa frota onde temos diversos Airbus 340 e A330 é natural que surja um A380 para suprir as necessidades de mercado que se verificam neste segmento”, considera o presidente da Hi Fly.
“Estamos muito orgulhosos por sermos o primeiro operador a oferecer este avião em regime de wet lease no mercado que é o nosso core business”, respondeu prontamente Paulo Mirpuri, quando lhe perguntámos que sentimento tinha após ter sido bastante elogiado pelo diretor comercial da Airbus, Eric Schultz, que considerou o passo dado pelos responsáveis da Hi Fly como um passo acertado em termos de futuro e muito importante para a continuidade do interesse das companhias aéreas pela operação do maior avião de passageiros em serviço na aviação comercial.
“Como pioneiros na introdução dos A380 no mercado de segunda mão, só temos pena de só podermos introduzir um avião de cada vez. Mas fizemo-lo de forma consciente, pois consideramos que a chegada de outros aparelhos deste tipo à nossa frota, far-se-á de acordo com as necessidades do mercado, que tem reagido de forma fantástica”, disse Paulo Mirpuri que apontou para o Verão do próximo ano a chegada do segundo A380.
Tanto os responsáveis da Airbus, como Paulo Mirpuri, mostram-se convencidos do grande sucesso deste primeiro avião que passou quatro dias em Farnborough, onde foi a grande atração do salão aeronáutico e concentrou as atenções dos media da especialidade e dos jornalistas que passaram pelo salão britânico.
O presidente da Hi Fly destacou na entrevista ao ‘Newsavia’ o grande compromisso da sua empresa com critérios que se definem pela própria especificidade do segmento de mercado em que atua: “O crescimento da nossa frota tem de fazer sentido e tem de ter justificação económica e financeira. No mês passado recebemos um Airbus A330 novo de fábrica, neste mês receberemos outro e em junho de 2019 teremos na frota o terceiro A330 novo. No mesmo mês deveremos integrar o segundo A380”.
Otimista quanto à procura que o A380 irá ter, sobretudo da parte das companhias que já operam os A380 e que terão necessidade de um avião de substituição para as semanas em que decorrem as grandes inspeções, Paulo Mirpuri confessou ao ‘Newsavia’ que o que mais custou foi esta fase de introdução do primeiro avião A380: “Foi um trabalho gigantesco, que nos levou a uma reestruturação total da companhia. A operação desta aeronave é baseada em sistemas tecnológicos muito avançados e automatizados, pelo que isso obrigou a uma atualização de processos em toda a empresa, o que foi positivo, mas obrigou a muito trabalho e a um investimento muito grande que está feito. Agora é mais fácil receber outros aviões A380, basta adicionar pessoal, mais pilotos, mais técnicos, mais pessoal de cabina e outros que completam os meios humanos necessários à operação de cada aeronave.”
Paulo Mirpuri admite que a Hi Fly possa, num futuro próximo, ter uma frota com mais de dois aviões A380. Tudo depende do grau de especialização que a empresa ganhar e pela aceitação que tiver no mercado: “Eles chegarão na medida em que o mercado os procurar e justificar”, acrescenta.
A Hi Fly tem hoje ao seu serviço cerca de 1.000 empregados. Quanto aos pilotos, a grande maioria são europeus: portugueses, espanhóis, belgas, britânicos, franceses e holandeses, em maior número. Os portugueses estão no topo, com cerca de 30 por cento do grupo. Paulo Mirpuri explica que a companhia não dá preferência a pilotos estrangeiros, mas essa incorporação de profissionais nacionais está condicionada pelo facto de optar por pilotos com grande experiência, porque os contratos que a Hi Fly obtém leva os seus aviões e tripulações a correrem o mundo. “E há aeroportos grandes e pequenos, uns mais complexos que outros, e temos de responder com profissionais bem preparados e eficientes”, acrescenta.
Quanto ao pessoal de cabina há uma maioria portuguesa ao serviço das mais de duas dezenas de aeronaves que a Hi Fly tem hoje espalhadas pelo mundo, ao serviço de companhias aéreas, de governos e instituições militares estrangeiras, e também organizações humanitárias internacionais, em serviços de transporte civil.
Interrogado acerca da atividade do Grupo se focar mais em Portugal ou na Aviação Regular, Paulo Mirpuri é peremptório: “O nosso core business é o aluguer de aviões em wet lease, normalmente entre dois dias a dois anos e por aqui ficaremos”. Afinal é neste segmento que a Hi Fly encontra o seu mercado natural e onde é uma referência, com clientes entre as maiores e mais conceituados companhias aéreas mundiais.
É fácil saber se o A380 pode aterrar em Lisboa, contrariamente ao que alguns “jornais” que não sabem e NÃO perguntam, basta ir ao sítio da Airbus e encontrar os aeroportos que estão aprovados para este aparelho e Lisboa e Lajes estão na lista desde 2012.