O maior sindicato de pilotos da Air da France avançou hoje, quinta-feira, dia 18 de Setembro, a perspectiva de um endurecimento da greve contra um alegado plano da Administração para “deslocalizar empregos” para a Transavia Europa que o seu presidente descreve como “société de droit portugais” e com “entidades baseadas um pouco por toda a Europa”.
O presidente do SNPL-Air France, Jean-Louis Barber, falava ao diário “Le Monde”, que também avança que o sindicato tem estado a conduzir uma consulta interna aos associados sobre o prolongamento da greve, inicialmente marcada até ao dia 22.
“Se os pilotos votarem de novo a greve, desta vez será um movimento ilimitado”, diz o dirigente sindical, que também disse ao “Le Monde” que as novas propostas da Administração do grupo Air France KLM não continham nada de novo relativamente às questões que o sindicato contesta.
A imprensa francesa relata hoje que os CEOs do grupo, Alexandre de Juniac, e da companhia francesa, Frédéric Gagey, escreveram aos 3.900 pilotos da Air France a assegurar-lhes que o seu plano Perform2020, nomeadamente no que diz respeito à constituição de uma low cost pan-europeia, a Transavia Europa, “não é um projecto de deslocalização nem de transferência de actividade”.
“Propusemos aos vossos representantes concluirmos um acordo de perímetro indicando precisamente a partilha de actividade entre a Transavia France, a Transavia Holande e a Transavia Europa”, diz ainda a mensagem dos dois CEO.
Os executivos também prometeram limitar o desenvolvimento da frota da Transavia a 30 aviões até 2019, quando inicialmente apontava para cinco dezenas.
Jean-Louis Barber disse a esse propósito ao “Le Monde” que essas propostas não respondem às inquietações dos pilotos, porque “a questão de fundo é a deslocalização dos nossos empregos” com a criação da filial Transavia Europa, “sociedade de direito português”, que “terá entidades baseadas um pouco por toda a Europa”.
Portugal tem sido uma ‘referência’ constante desde que a imprensa francesa revelou o projecto da Transavia Europa, uma vez que dessa altura que foi noticiado que as primeiras bases da nova companhia serão no Porto e em Lisboa.
Jean-Louis Barber também alegou que para ser rentável a Transavia Europe seguramente vai avançar para o mercado francês, enquanto a Administração, segundo o “Le Figaro”, terá assegurado que a Transavia Europe não avançará para cidades francesas onde a Transavia France se vai desenvolver.
Essa garantia é “largamente insuficiente”, respondeu o sindicato, que também destacou que a sua validade era de apenas três a seis meses. Face a esta posição do sindicato, segundo a mesma notícia, Alexandre de Juniac desabafou que se interroga se da parte sindical “há verdadeiramente vontade de negociar”, frisando que ao cabo de 40 horas de negociação não houve qualquer melhoria.