O Governo português está a averiguar os factos imputados à companhia aérea TAP pelo Governo venezuelano, que a acusa de ter violado “padrões internacionais” de segurança, anunciou nesta sexta-feira, dia 14 de fevereiro, o gabinete do ministro da Administração Interna, em Lisboa.
“Face às declarações das autoridades venezuelanas referindo uma alegada falha de segurança num voo com origem em Lisboa, o Ministro da Administração Interna determinou à Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI) a realização de uma averiguação para apuramento dos factos”, indicou o Ministério, em comunicado.
O Governo venezuelano acusa a TAP de ter violado “padrões internacionais”, por ter permitido o transporte de explosivos e por ter ocultado a identidade do líder da oposição, Juan Guaidó, num voo entre Lisboa e Caracas.
As autoridades venezuelanas acusam ainda o embaixador português em Caracas, Carlos Sousa Amaro, de interferir nos assuntos internos da Venezuela, ao interceder pelo tio de Juan Guaidó, Juan Marquez, que foi preso na terça-feira, dia 11 de fevereiro, quando aterrou no mesmo voo da TAP, acusado de transportar explosivos.
Segundo o Governo venezuelano, Juan Marquez, que acompanhava o sobrinho Juan Guaidó, transportou “lanternas de bolso táticas” que escondiam “substâncias químicas explosivas no compartimento da bateria”.
Assim, as autoridades venezuelanas consideram que a TAP, nesse voo entre Lisboa e Caracas, violou normas de segurança internacionais, permitindo explosivos, e também ocultou a identidade do autoproclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, na lista de passageiros, embora a segurança aeroportuária não seja da responsabilidade das companhias transportadoras.
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva afirmou em Lisboa que a acusação dirigida pelas autoridades venezuelanas ao Governo português “não faz nenhum sentido” e que Portugal espera “que este pequeno incidente seja rapidamente ultrapassado”.
“Por via diplomática, vamos ver se a Venezuela nos dirige algum pedido de esclarecimento. Naturalmente, nenhuma nota verbal que é apresentada às autoridades portuguesas fica sem resposta”, acrescentou Augusto Santos Silva, em declarações aos jornalistas, num hotel de Nova Deli, na Índia, onde está a acompanhar a visita de Estado do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O voo em questão é da TAP (TP173) mas foi realizado na terça-feira, dia 11 de fevereiro, com um avião Boeing 767-300ER da companhia portuguesa Euro Atlantic Airways, que está contratada desde o final do mês de outubro de 2017 para fazer os voos da rota da TAP entre Portugal e a Venezuela.
O avião da Euro Atlantic, matrícula CS-TKS, chegou nesse dia atrasado a Caracas, com cerca de duas horas sobre a hora prevista, devido a partida tardia em Lisboa, e acabou por sofrer novo atraso no Aeroporto Internacional Simón Bolívar, em Maiquetia, devido ao que foi entendido como uma sabotagem dos funcionários aeroportuários afectos ao regime de Nicolas Maduro, que colocaram um camião a impedir o despacho do avião da zona de embarque para a pista de descolagem. A saída para Lisboa, prevista para as 18h45 locais só se verificou pelas 22h55. Tudo porque o avião português tinha levado de regresso a Caracas o opositor Juan Guaidó e a sua comitiva.