O aumento da procura por voos reforça a importância da conectividade global, mas também expõe desafios de capacidade e sustentabilidade, alerta o diretor da IATA. China, Brasil e Índia atingiram máximos históricos no mês de Setembro.
A procura global por viagens aéreas em setembro deste ano atingiu um recorde histórico, de acordo com os últimos dados da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA). A procura total, medida em RPK (receita por quilómetro voado por passageiro), registou um aumento de 7,1% em relação a setembro de 2023, enquanto a capacidade de assentos e o fator de ocupação também cresceram, indicando um setor em expansão, mas com desafios iminentes.
A região Ásia-Pacífico liderou o crescimento com uma procura 12,4% superior ao ano anterior, seguida pela África (12,2%). A Europa e a América Latina registaram crescimentos de 6,7% e 7,2%, respetivamente, enquanto a América do Norte registou o aumento mais modesto, com apenas 1,1%.
O diretor-geral da IATA, Willie Walsh, comentou que a crescente procura é um sinal positivo para a economia global, observando que “cada voo cria mais empregos e comércio”. No entanto, Walsh alertou para um possível “estrangulamento de capacidade” em aeroportos de regiões específicas, o que poderá limitar os benefícios económicos e sociais gerados pela aviação.
Mercados em alta
O crescimento da procura foi mais acentuado nos mercados internacionais, com um aumento de 9,2% face ao ano anterior. A região Ásia-Pacífico destacou-se novamente com uma subida impressionante de 18,5% na procura internacional, enquanto a Europa registou uma ocupação média de 85,9% nos voos internacionais, um dos fatores de carga mais elevados a nível global.
Nos mercados domésticos, a procura global cresceu 3,7%, com os principais mercados, incluindo China, Brasil e Índia, a atingirem máximos históricos para o mês de setembro. Nos EUA o crescimento doméstico foi mais discreto, com um aumento de 1,6% na procura.
Crescimento no setor de carga e desafios futuros
A procura por serviços de carga também apresentou um aumento significativo, com um crescimento de 9,4%, impulsionado principalmente pela América Latina (20,9%) e pela Ásia-Pacífico (11,7%). Contudo, com o aumento da procura em todos os setores, o diretor-geral da IATA sublinhou que o setor enfrenta desafios de sustentabilidade e capacidade.
“Os governos terão de escolher entre perder para países mais dinâmicos, que valorizam a conectividade global, ou formar consensos para um crescimento sustentável,” declarou Walsh. O diretor da IATA enfatizou a necessidade de uma visão política ativa para acompanhar os esforços da indústria em direção à neutralidade de carbono até 2050.
Com a pressão por mais capacidade e eficiência na gestão do tráfego aéreo, a indústria de aviação global estará, segundo Walsh, a “testar os seus limites”, especialmente em regiões como o Médio Oriente, onde se esperam maiores disrupções no espaço aéreo no próximo ano.
Foto de abertura © Josue Isai Ramos Figueroa