A Kenya Airways passou de uma das companhias aéreas líderes na região e motivo de orgulho nacional, para uma das transportadoras com pior performance do mundo. Esta semana, a companhia aérea parcialmente detida pelo Governo apresentou os maiores prejuízos de sempre, com um resultado negativo antes de impostos de 29,7 mil milhões de xelins quenianos (293 milhões de dólares/267 milhões de euros) para o ano fiscal 2014-2015. Os investidores apelaram ao Governo para financiar a companhia antes de um colapso total. “Não podemos ficar sentados e atribuir somas elevadas a sectores irrelevantes enquanto se ignora o nosso orgulho nacional e o vemos colapsar. Vamos salvar este navio que se afunda”, disse Chris Kirubi, presidente da Centum Investment e um dos principais accionistas da companhia aérea.
Políticos locais descrevem o que dizem ser uma má gestão da transportadora aérea nacional, a quarta maior de África em capacidade de transporte de passageiros. Outros atribuem o declínio da companhia aérea ao nepotismo e elitismo da sua liderança, enquanto outros teorizam sobre uma sequência de perdas como parte de um complô intencional para vender a companhia mais barata. Também se ouvem críticas de que a companhia contratou muitos estrangeiros – cerca de 15% da sua força de trabalho não é queniana, de acordo com o inquérito do Comité do Senado à transportadora. O certo é que a companhia e o país como um todo foram atingidos pela quebra do turismo na sequência dos alertas de viagem emitidos por vários países após os ataques da Al-Shabaab. A companhia também foi vítima de uma expansão fraca e mal programada no tempo, de um mau cálculo de hedging no preço dos combustíveis, da redução das viagens para a África Ocidental, os medos associados ao Ebola e a competição das companhias aéreas do Médio Oriente, como a Turkish Airlines, a Emirates e a Gulf, com cada vez mais voos para a região.