Ryanair exerce chantagem sobre o Governo Português e ameaça retirar aviões de Lisboa

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O Grupo Ryanair Holdings, no qual se integram algumas companhias aéreas europeias que trabalham no segmento de baixo custo, voltou a pressionar o Governo Português, para transferir para a companhia os 18 slots diários que pertencem à TAP, e dos quais a companhia aérea tem de se desfazer conforme decisão da Comissão Europeia (LINK notícia relacionada).

A pressão de Michael O’Leary sobre o Governo de Lisboa é uma autêntica chantagem, sabendo de antemão que o processo está em evolução e a seguir trâmites, de acordo com o que foi decidido pela Comissão Europeia, ao abrigo do Plano de Reestruturação da TAP Air Portugal, apresentado pelo Estado Português, dono da totalidade do capital da companhia aérea nacional.

Aliás, não deixa de ser curioso esta atitude do Grupo Ryanair e a complacência do Governo de António Costa e de todos os últimos governos em Portugal, que têm pago milhões à Ryanair para voar de e para o País, numa lógica de crescimento e de apoio ao sector turístico-hoteleiro. Um processo de que se têm aproveitado também os Portugueses que visitam outros países e nomeadamente os emigrantes nacionais que vivem em cidades europeias. Nada contra, se não fosse a ingratidão do senhor Michael O’Leary, ainda por cima com políticas laborais ilegais que têm beneficiado da vista grossa das entidades nacionais que deveriam estar mais atentas a essas práticas.

Ainda há poucos meses, o Turismo de Portugal e a Região Autónoma da Madeira, com a presença de um ministro da República, assinou um contrato com a Ryanair, pelo qual a companhia do grupo liderado por Michael O’Leary, irá receber três milhões de euros para voar para a Madeira em concorrência com outras companhias já instaladas no mercado. Os madeirenses agradecem à República, mas o delirante O’Leary continua a ignorar que está a ser subsidiado pelo Governo Português, o mesmo a quem ele pretende sacar apenas no Verão de 2022 (parece que por empréstimo…) 18 slots no Aeroporto de Lisboa.

A Ryanair, em comunicado distribuído nesta segunda-feira, dia 28 de fevereiro, apela “ao primeiro-ministro português António Costa que tome medidas imediatas e exija à TAP a libertação de 18 slots diários – que não pode, nem irá utilizar, no Verão 2022 – de forma a permitir a operação da Ryanair com sete aviões baseados em Lisboa, poupando 20 rotas, um milhão de passageiros e 250 milhões de euros gastos por visitantes em Lisboa no Verão 2022”.

“A menos que o Primeiro-Ministro intervenha esta semana para libertar os slots não utilizados pela TAP – apenas para o Verão 2022 – a Ryanair será forçada a reduzir 7 aviões para 4, na sua base no Aeroporto da Portela, em Lisboa, no final desta semana, e com isto perder um milhão de passageiros, 150 postos de trabalho e mais de 250 milhões de euros de despesas turísticas em Lisboa”, prossegue o comunicado que termina com as declarações de Michael O’Leary em discurso direto.

E continuará o Governo de Lisboa calado, sem responder à Ryanair, em mais este insulto, e continuando a entregar o dinheiro dos contribuintes portugueses a esta estirpe de empresários? Em tempos, o ministro Pedro Nuno Santos teve a coragem de dizer, numa entrevista televisiva, que a Ryanair também era subsidiada pelo Estado Português, mas as suas palavras quase foram apagadas (no tempo), sem a repercussão devida.

Afinal quem tem medo de Michael O’Leary? Não existem outras companhias aéreas? Os assessores de António Costa não têm outros contactos? Aprendamos com os espanhóis. Dão cartas em aviação e aeroportos. E estão ali ao lado, não exigem grandes despesas em viagens… O Governo até é socialista.

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