A companhia aérea de baixo custo irlandesa Ryanair informou nesta segunda-feira, dia 5 de fevereiro, que os lucros aumentaram 12%, para 106 milhões de euros, no 3.º trimestre fiscal, mantendo inalterada a previsão de lucro para este ano entre 1,40 e 1,45 milhões de euros. O ano fiscal das empresas anglo-saxónicas é de abril a março, pelo que o final do ano fiscal 2017-2018 para a Ryanair apenas acontece no final do primeiro trimestre deste ano.
Em comunicado, a transportadora de baixo custo irlandesa acrescentou que as tarifas médias desceram 4% para 32 euros por passageiro, tendo o tráfego crescido 6% para 30,4 milhões de passageiros nos últimos três meses de 2017.
Citado no texto, o presidente executivo da empresa, Michael O’Leary, manifestou o seu contentamento por registar o crescimento de 12% dos lucros durante um trimestre “muito desafiante”.
“Após a nossa falha nas escalas de serviço dos pilotos em setembro, a dolorosa decisão de fazer parar 25 aeronaves, assegurámos que a pontualidade das nossas operações rapidamente voltasse à média normal de 90%”, acrescentou, realçando o aumento do número de passageiros.
O’Leary notou ainda que depois de 30 anos de sucesso a trabalhar diretamente com os funcionários, “tornou-se claro em dezembro que a maioria dos pilotos queria ser representada por sindicatos”.
“Seguindo a nossa política de reconhecimento de sindicatos quando a maioria das pessoas o quer, reunimo-nos com sindicatos de pilotos na Irlanda, Reino Unido, Espanha, Alemanha, Itália, Portugal, Bélgica e França para discutir a forma de trabalhar com eles em nome dos nossos trabalhadores”, acrescentou ainda o responsável, recordando o primeiro processo de reconhecimento aconteceu com o BALPA, no Reino Unido.
Quando as conversações com estes sindicatos terminarem, a Ryanair irá conduzir um processo idêntico com os representantes dos tripulantes de cabina.
“Apesar de o reconhecimento do sindicato poder adicionar alguma complexidade ao nosso negócio, causar interrupções de curto prazo e relações públicas negativas, tal não alterará a nossa liderança em custos na aviação europeia ou mudará o nosso plano para crescer até 200 milhões de tráfego até 2024”, comentou.
A alteração das alocações de aeronaves é uma hipótese levantada, face às “novas oportunidades de crescimento na França e na Escandinávia”.
Sobre a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), a Ryanair manifestou preocupação com a “incerteza contínua” em relação aos termos do acordo entre as duas partes.
“Continua a ser um risco preocupante de graves interrupções nos voos do Reino Unido-UE a partir de abril de 2019, a menos que um acordo bilateral (ou transição entre o Reino Unido e a UE) seja fechado antes de setembro de 2018. Nós, como outras companhias aéreas, precisamos de clareza sobre esta questão antes de publicarmos os nossos horários do verão de 2019”, lê-se no comunicado.
Para este ano, a previsão é cautelosa, face à possibilidade de disrupções e “relações públicas adversas”, pelo que os “investidores devem estar preparados”.
“Em certas jurisdições, os sindicatos que representam as companhias aéreas concorrentes desejarão testar o nosso compromisso com o modelo de baixo custo/alta produtividade para perturbar as nossas operações. Estamos completamente preparados para enfrentar qualquer perturbação, se isso significar defender nossa base de custos ou o nosso modelo de alta produtividade”, concluiu.
Para este ano, a tarifa da Ryanair deve descer 2%, com a transportadora a referir não partilhar do otimismo dos seus concorrentes no mercado sobre subidas das tarifas no verão de 2018.
“O nosso tráfego vai subir 6% em 2019 para 138 milhões, mas as estimativas são de que as tarifas para o verão vão continuar sob pressão”, prevendo-se o aumento de custos com combustível e pessoal e que continue a incerteza sobre o ‘Brexit’.