Ryanair quer retirar um avião da Madeira e reduzir frequências em Faro e Porto

Michael O’Leary, presidente executivo da Ryanair Holdings, o maior grupo de companhias aéreas de baixo custo da Europa, anunciou que vai retirar um avião da base operacional da ilha da Madeira já em janeiro de 2024 e reduzir o número de voos programados no Verão do próximo ano nas bases de Faro e Porto.

Estas medidas representam um revés para o turismo de Portugal e resultam de uma forma de protesto do polémico empresário irlandês ao “aumento de taxas nos aeroportos portugueses por parte da concessão monopolista conferida aos franceses”, afirmou O’Leary, nesta terça-feira, dia 21 de novembro, em Lisboa, durante uma conferência de imprensa com jornalistas portugueses e correspondentes de meios internacionais.

Os aumentos anunciados pela ANA – Aeroportos de Portugal, empresa do grupo Vinci Airports, de matriz francesa, desde há muito tempo contestados pelos executivos do Grupo Ryanair, “estão a causar grandes prejuízos à economia portuguesa e ao turismo que sustenta milhares de empregos e gera receita, nomeadamente às insulares [arquipélagos dos Açores e da Madeira]”, defendeu o líder da Ryanair durante o encontro com os jornalistas na capital portuguesa.

“Os aeroportos portugueses, especialmente os das ilhas, estão a ser prejudicados pelos aumentos dos preços monopolistas da ANA”, disse Michal O’Leary. Por isso, explicou, a Ryanair fechou a sua base em Ponta Delgada (ilha de São Miguel) neste Inverno.

“Se a ANA prosseguir com estes últimos aumentos monopolistas de preços para 2024, então a Ryanair pretende reduzir um dos seus aviões baseados na Madeira e reduzir significativamente os horários de e para Faro e Porto para o Verão de 2024”, lê-se no comunicado resumo da conferência de imprensa distribuído nesta terça-feira em Lisboa.

Esta frase deixa portas abertas e é menos categórica do que as declarações de Michael O’Leary que, no seu discurso, deu como fechada a decisão de retirar um avião da Madeira que, disse, será enviado em janeiro para Marrocos, onde o Governo  tem tido uma política de melhor apoio às companhias aéreas que pretendem levar turistas europeus para o País.

“O monopólio da ANA deveria seguir o exemplo de outros grandes aeroportos europeus, especialmente na Espanha, e congelar ou reduzir as tarifas para ajudar a estimular o tráfego e a recuperação do turismo em Portugal no pós-covid. Em vez disso, a ANA está a prejudicar a competitividade de Portugal com esse aumento excessivo e injustificado de 17% nas tarifas, o que afastará o tão necessário crescimento do turismo, especialmente nas ilhas da Madeira e dos Açores”, afirmou o presidente do grupo Ryanair.

Michael O’Leary manifestou-se vigorosamente contra o que chama do “monopólio dos franceses”. Considera que “não há justificação para o monopólio da ANA aumentar as taxas aeroportuárias em até 17% em 2024”.

Por isso, apelou ao Governo Português e à ANAC – Autoridade Nacional de Aviação Civil, para não autorizarem os aumentos previstos, pois o monopólio dos aeroportos da ANA não enfrenta concorrência em Portugal. Como exemplo, O’Leary citou que, entre 2019 e 2023, a taxa de passageiros aumentou 50% no Aeroporto de Lisboa, quando em muitos aeroportos europeus reduziu, para permitir a recuperação de tráfego, após a queda em consequência da epidemia do covid-19.

Inevitavelmente que se falou sobre a solução aeroportuária para Lisboa, cujo aeroporto se encontra saturado, e que é um assunto da atualidade política nacional. Michael O’Leary insiste na solução da abertura urgente do Montijo como segundo aeroporto de Lisboa, seguindo as soluções adotadas em diversas cidades europeias, onde quando se verificou a saturação do maior aeroporto, abriram aeroportos complementares. Foi assim em Paris, em Bruxelas, em Roma e em Barcelona, entre outros.