A Agência Espacial Portuguesa (Portugal Space) inaugura na tarde desta quinta-feira, dia 7 de novembro, em Vila do Porto, na ilha de Santa Maria (Região Autónoma dos Açores), a sua sede. O momento contará com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, dos presidentes da Assembleia Legislativa Regional e do Governo dos Açores, Luís Garcia e José Manuel Bolieiro, respetivamente, e da secretária de Estado da Ciência, Ana Paiva.
Com a inauguração e a futura operacionalização da sede em Santa Maria, ponto alta das comemorações do 5.º aniversário da organização, a Agência Espacial Portuguesa reafirma o seu compromisso com a região dos Açores, impulsionando o desenvolvimento de várias iniciativas estruturantes para o setor espacial em Portugal. “A Agência reconhece, desde o início, o potencial geográfico da região dos Açores para o desenvolvimento de um ecossistema espacial. Com esta centralidade atlântica, Portugal tem uma porta aberta para um futuro próspero no Espaço”, afirma Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial Portuguesa.
“Esta inauguração representa um novo capítulo na história da Agência Espacial Portuguesa e do setor espacial português”, acrescenta. Considerando que “os Açores têm um papel fundamental para o nosso ecossistema”, Ricardo Conde lembra que “o futuro porto espacial da ilha de Santa Maria está entre os potenciais locais de aterragem do ‘Space Rider’”. O primeiro lançamento do futuro veículo espacial da Agência Espacial Europeia está previsto para 2027, podendo a ilha açoriana receber a aterragem do voo inaugural.
Nesse sentido, durante o evento, Rodrigo da Costa, diretor-executivo da EUSPA (Programa Espacial da União Europeia), Stefano Bianchi, diretor dos Programas de Voo da Agência Espacial Europeia, e o presidente da Agência Espacial Portuguesa debaterão os desafios do setor e o papel dos Açores como local de retorno e acesso ao Espaço.
O programa, divulgado no site da agência, contempla ainda uma mesa-redonda sobre projetos educativos espaciais, com a participação de vários jovens estudantes do arquipélago dos Açores, assim como apresentações de Fernando Carvalho Rodrigues, responsável pelo primeiro satélite português a ser lançado para o Espaço, e do filósofo açoriano Onésimo de Almeida.
Construído na década de 1950, o edifício que albergará a sede da Agência Espacial Portuguesa foi projetado por Francisco Keil do Amaral. O arquiteto foi responsável pelo núcleo habitacional e esquema geral de urbanização após a inauguração do aeroporto de Santa Maria. A moradia histórica alojou a família do diretor do aeroporto durante a gestão da Direção Geral de Aeronáutica Civil. Em 2019, o edifício foi cedido pelo Governo Regional dos Açores à Agência Espacial Portuguesa para aí ser instalada a sua sede.
Santa Maria registou, durante algumas décadas do século XX, um forte impulso económico e social devido ao papel que o seu aeroporto, construído durante a II Guerra Mundial pelas forças militares norte-americanas, desempenhou nas ligações entre os dois lados do Atlântico, o que permitiu à ilha duplicar a sua população.
O aparecimento da aviação a jato e as crises do petróleo nos anos setenta do século passado reduziram significativamente a relevância do aeroporto para os voos transatlânticos, mas a ilha com cerca de 5.500 habitantes está, nos últimos anos, a tentar recuperar a sua importância geoestratégica com diversos projetos e investimentos do setor aeroespacial.
É esta localização que faz ainda com que a NAV Portugal tenha na ilha um Centro de Controlo Oceânico responsável por controlar os voos em rota numa área de mais de cinco milhões de quilómetros quadrados de céu a partir de Santa Maria.
A ilha acolhe também várias outras infraestruturas ligadas a esta área, como é o caso da Estação de Rastreio de Lançadores de Satélites da ESA, a ‘Galileo Sensor Station’ também da ESA e a estação meteorológica EUMETSAT, entre outras.
A Agência Espacial Portuguesa foi criada Governo para implementar a estratégia nacional ‘Portugal Espaço 2030’ com o objetivo de que o país seja reconhecido como uma autoridade mundial nas interações Espaço-Terra-Clima-Oceano, com benefícios para a sociedade e para a economia.