Siemens e Airbus impedem voo histórico do Pipistrel Alpha Electro

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O dia 7 de Julho de 2015 poderia ter sido um dia histórico para o mundo da aviação se o construtor esloveno de ultraleves Pipistrel tivesse efectuado a primavera travessia aérea do Canal da Mancha nos dois sentidos, com um avião eléctrico e sem recarga. Este acontecimento poderia ter afirmado de uma forma concreta a validade dos voos com aviões eléctricos. O Pipistrel Alpha Electro é um conceito mais do que provado, desenvolvido ao longo dos últimos dois anos e tendo recebido recentemente a sua certificação. Está disponível para venda nos mercados de aviação de todo o mundo e a Pipistrel conta já com um determinado número de encomendas.

Segundo Michael Coates, representante da Pipistrel Aircraft, tal feito só não se concretizou por falta de desportivismo e fair play da Siemens e da Airbus. O consórcio europeu conseguiu junto da Siemens, fornecedora dos motores eléctricos à Pipistrel, que esta rompesse de imediato o acordo com o construtor esloveno. A Siemens exigiu a devolução do motor a poucas horas de uma travessia que demorou meses a planear. O plano de atravessar o Canal da Mancha recebeu todas as autorizações necessárias e o aparelho demonstrou as suas capacidades às autoridades francesas, ao voar a mesma distância em ambas as direcções. Os testes provaram que o avião eléctrico da Pipistrel pode descolar de França, aterrar em Inglaterra, regressar a França e ainda conservar 25% da capacidade das baterias, o que atesta bem da segurança deste voo.

O mesmo representante da Pipistrel em França, chama a atenção para o facto do projecto E-Fan da Airbus não usar sequer um motor eléctrico Siemens, mas apresentar autocolantes da Siemens. A Airbus também tenciona voar sobre o Canal da Mancha com o E-Fan, na próxima sexta-feira, mas apenas num sentido e não numa viagem de ida e volta com a mesma carga nas baterias! De acordo com Michael Coates, “a Airbus já tinha investido 500 mil euros no evento previsto para sexta-feira e não queria correr o risco de que outra companhia pudesse ser a primeira. É uma empresa com bolsos muito fundos e o desejo de ser a primeira a qualquer custo”.

Na carta enviada à Pipistrel, no dia 5 de Julho, a Siemens alega que o construtor esloveno alugou o motor Dynadyn 80 kw a um terceiro sem consentimento e que, segundo o acordo de empréstimo assinado em Maio de 2014, a Pipistrel não poderia voar com este motor sobre a água. O construtor alemão alega que o seu motor não foi desenhado para voar sobre a água: “por razões de segurança não podemos deixar ninguém voar sobre a água com o nosso motor. Somos conhecidos por ser uma companhia que leva a segurança muito a sério e não podemos permitir que esta reputação seja prejudicada”. Mais ainda, a Siemens intima a Pipistrel a interromper a utilização do motor e a informar a Siemens “imediatamente” após a recepção da carta, sobre a localização do referido motor e a autorizar a sua recolha, sob pena de a empresa ser processada pelo gigante alemão.

2 COMENTÁRIOS

  1. Gosto muito do site e das notícias, mas nessa especificamente ficou claro uma opinião tendenciosa. Os fatos citados vem totalmente em segundo plano, e a opinião do autor sobre o assunto, uma teoria de uma conspiração da Airbus e Siemens, que vira a notícia. Acho extremamente válida a questão levantada, mas o foco deveria ser nos motivos legais que a Siemens utilizou para barrar tal projeto, apresentados nessa notícia em curtos e pouco explicados tópicos.

  2. Bom… A Siemens e a Airbus esquecem-se que as redes sociais divulgam muito mais que eventos fabricados… Devem ter CEO’s caducos e mal informados, a médio prazo a reputação deles vai sofrer muito mais que da Pipistrel, que continuará a ser lembrada como a primeira a fazer um avião eléctrico que real ente funciona…

    A Pipistrel só tem de mudar de fornecedor de motor, americanos ou japoneses, e bater o record da Airbus o que não deve ser difícil, a julgar pelas limitações da e-fan. Não se pode confiar nos Europeus…

    Já agora, esta discussão não é um pouco… Inútil? O Solar Impulse detém um record muito superior á travessia do canal da mancha. Atravessou há poucos dias metade do Pacífico e bateu o record de permanência no ar por isso, não sei porque a Airbus está tão preocupada em passar o canalzito da mancha primeiro…

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