O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) diz que está preocupado com o presente e futuro do grupo aéreo SATA, com sede no arquipélago dos Açores. O grupo, constituído por capitais públicos, tem duas companhias aéreas, ambas de bandeira portuguesa, e outros interesses em sectores ligados à aviação, viagens e aeroportos na Região Autónoma.
Perante esta situação os sindicalistas solicitaram uma audiência ao Governo dos Açores, acionista do grupo aéreo, a quem querem falar sobre o que se passa na SATA.
Numa “carta aberta aos açorianos” publicada nesta quinta-feira, dia 20 de agosto, no jornal Público, que se edita em Lisboa, o sindicato lembra que o executivo açoriano, único acionista da companhia aérea, “é quem tem a última palavra sobre o destino do Grupo SATA”, pelo que escreveu a Vasco Cordeiro no início deste mês a pedir-lhe uma audiência, a expor-lhe as suas “preocupações” e a reiterar “ideias que sustentam soluções de viabilidade, a manutenção de postos de trabalho, o aumento das receitas e a diminuição das despesas”.
No texto, o SNPVAC diz que a liberalização, em abril passado, de ligações aéreas entre o continente e os Açores, que levou à entrada das low cost no arquipélago, “aconteceu tardiamente e apenas para a ilha de São Miguel”, não se devendo esquecer “as restantes” oito.
“Nota-se ausência de uma estratégia de fundo para a SATA, que permita concorrer com as demais companhias, aumentar o número de rotas rentáveis com o incremento do fluxo de turismo nos Açores, impor-se como a empresa de aviação de referência do arquipélago. Todos saem perdedores e os açorianos são os mais penalizados”, considera o sindicato.
Para o SNPVAC, os reencaminhamentos gratuitos de passageiros dentro dos Açores, previstos no modelo de ligações aéreas que entrou em vigor em abril, é uma “ideia bastante funcional”, que poderá promover o acesso de turistas a outras ilhas para além de São Miguel, mas “teria maior impacto e aproveitamento caso fosse devidamente divulgada”.
O sindicato considera, por outro lado, que há um “abandono da diáspora” açoriana na América do Norte, referindo uma “gritante falta de acompanhamento/verificação” desta “opção estratégica” da SATA.
Por outro lado, sublinha que sem os aviões novos para renovar a frota de longo curso, anunciados em janeiro mas ainda sem estarem ao serviço da companhia, “tal como se previa, este verão está a tornar-se insustentável e a criar (ainda mais) graves dificuldades ao futuro da SATA Internacional, que não consegue, mais uma vez, cumprir os seus objetivos”.
O sindicato sublinha que, ao contrário do que acontece hoje, até há poucos anos a SATA era “uma empresa lucrativa, que criava centenas de postos de trabalho” nos Açores, e que “se à SATA fosse permitido seguir a estratégia tida até 2008”, poderia atualmente contribuir para a descida do desemprego na região.
A administração da SATA confirmou em junho que vai avançar com a substituição de aeronaves de longo curso que usa atualmente, que têm sido afetadas por avarias, por dois Airbus 330.
Segundo a Antena 1/Açores, a companhia pediu esta semana o registo do primeiro dos dois novos aviões, que deverão começar a operar em outubro próximo.