A SAS – Scandinavian Airlines está a enfrentar fortes críticas dos sindicatos depois de a empresa ter enviado informações sobre os planos de utilização de tripulantes de cabina que não estão em greve, anunciou a imprensa norueguesa neste fim-de-semana. “A SAS planeia utilizar funcionários suecos e dinamarqueses para realizar as tarefas de trabalho que deveriam ser desempenhadas pelos tripulantes noruegueses, que estamos em greve. Isto é um fura-greves, diz Martinus Røkkum, dirigente do sindicato dos tripulantes de cabina da Noruega (SAS Norway Cabin Association – Parat).
O dirigente da associação considera a abordagem da empresa chocante e afirma que a SAS compra dias de folga aos funcionários dos países vizinhos e envia-os para a Noruega para cobrir o trabalho dos grevistas.
Unn Kristin Olsen, líder sindical na SAS, sublinha que embora a figura do ‘fura-greve’ não esteja claramente definida na legislação, é geralmente entendido como quando as tarefas dos grevistas são realizadas por terceiros. O sindicato ‘Parat’ está agora a recolher documentação sobre as práticas da SAS e a considerar medidas legais.
Os sindicatos alertam para possíveis consequências caso a SAS continue com esta prática. A vice-líder do ‘Parat’, Anneli Nyberg, diz que as violações grosseiras das regras do jogo durante uma greve podem levar a ações contra o SAS também fora da Noruega.
“Na aviação, existe um grau de organização próximo dos 100% nos países nórdicos. A coesão entre as associações é boa e estamos unidos para evitar a quebra de greves”, diz Anneli Nyberg. Sugere até que podem ser implementadas medidas abrangentes se o SAS continuar a realocar os funcionários através das fronteiras nacionais.
A situação está a ser acompanhada de perto pelos sindicatos nacionais e internacionais, incluindo a Federação Europeia dos Trabalhadores dos Transportes (ETF) e a Federação Internacional dos Trabalhadores dos Transportes (ITF).
Os tripulantes de cabina da SAS encontram-se em greve desde esta sexta-feira, dia 23 de agosto, e reivindicam maior diligência da companhia aérea, que é propriedade de instituições públicas dos três países escandinavos – Dinamarca, Noruega e Suécia – na negociação de um novo acordo coletivo de trabalho.
A SAS distribuiu um comunicado em que lamenta a situação extrema assumida pelos sindicalistas e diz acreditar “que é possível encontrar uma solução que seja simultaneamente atrativa para a nossa tripulação de cabine norueguesa e, ao mesmo tempo, garanta a competitividade da empresa”.
“Apesar da SAS, enquanto esteve sob proteção contra falência, ter feito grandes esforços para satisfazer a tripulação de cabina em termos de remuneração e horas de trabalho, não chegámos a acordo”, diz a nota da companhia aérea. “É também importante referir que a empresa se encontra na reta final do seu processo de reconstrução, devendo ser analisado o efeito desta greve”, acrescenta.