Os sindicatos que representam os trabalhadores da empresa de assistência aeroportuária a aeronaves e passageiros Serviços Portugueses de Handling (SPdH), que utiliza a marca comercial Groundforce Portugal, e que convocaram a greve de 48 horas do passado fim-de-semana, defendem que “urge encontrar soluções de diálogo” que resolvam “estruturalmente” as questões dos salários, acionistas, TAP e turismo do país.
Nesta segunda-feira, dia 19 de julho, o Sindicato dos Técnicos de Handling de Aeroportos (STHA), o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA) e o Sindicato dos Economistas distribuíram um comunicado conjunto em que referem que “se há lição, poderosa, que ficou destas 48 horas históricas, que abalaram a Groundforce, os aeroportos nacionais e o país, durante o período” da greve “foi o notável sentido de responsabilidade, dignidade, luta e apego demonstrados na defesa do futuro” da empresa.
Uma greve que piorou ainda mais o ambiente que se vive em Portugal, no sector da aviação comercial, com largos prejuízos para as companhias aéreas, nomeadamente a TAP Air Portugal, com milhares de passageiros com voos adiados, despesas agravadas entre os viajantes e bagagens perdidas entre outros inconvenientes que estas greves que abalam a confiança dos passageiros das companhias aéreas. Os passageiros das companhias de baixo custo, nomeadamente a Ryanair por ter handling próprio e a EasyJet que é assistida por outra empresa, a Portway, que é propriedade da ANA – Aeroportos de Portugal/Vinci Airports, conseguiram passar ao lado do caos que mais uma vez esta greve provocou nos aeroportos portugueses (LINK notícia relacionada).
“A paternidade e o mérito pleno destes dias 17 e 18 julho de 2021 pertencem em exclusivo a todos os trabalhadores da empresa, que, sem tutelas, sem artifícios e sem manipulações, tomaram nas mãos próprias a defesa dos seus postos de trabalho, da sua dignidade profissional e da sua empresa”, destaca o comunicados conjunto dos sindicatos dos trabalhadores da Groundforce.
“Fruto das agressivas iniciativas e atitudes da TAP (leia-se MIH [Ministério das Infraestruturas e Habitação]) ficou claro que o caminho da injustificada insolvência pedida (em 10 de maio), para mais num momento de evidente retoma da atividade, não resolve nenhum problema da empresa, antes os amplia, contra os legítimos interesses, direitos e garantias atuais dos trabalhadores da Groundforce, dos interesses da TAP e, até, do país”, sublinham os sindicatos.
As estruturas sindicais defendem que “urge encontrar soluções de diálogo, que materializadas, resolvam estruturalmente as questões, dos salários, dos subsídios, dos acionistas, da TAP, do turismo e do país”.
A greve de dois dias cancelou várias centenas de voos nos aeroportos portugueses, afetando sobretudo o de Lisboa.
“Uma garantia vos deixamos, os poderes constituídos e os interlocutores relevantes têm apenas 15 dias para resolver os problemas que criaram – sem a participação dos trabalhadores – sob pena de todos nós virmos a assumir de novo uma postura firme e convicta na luta pela defesa dos nossos interesses vitais”, referem, apontando que “não se brinca com o direito básico ao salário”.
A paralisação vai prolongar-se ainda pelos dias 31 de julho, 1 e 2 de agosto, se até lá não houver acordo.
Além desta greve, desde o dia 15 de julho que os trabalhadores da Groundforce estão também a cumprir uma greve às horas extraordinárias, que se prolonga até às 24h00 do dia 31 de outubro de 2021.
A TAP SA garantiu no sábado passado que não tem quaisquer pagamentos em atraso à Groundforce, depois de a empresa de handling ter acusado a companhia aérea de ter uma dívida de 12 milhões de euros por serviços já prestados.
- A imagem de abertura é uma foto de arquivo que mostra a área de check-in do Aeroporto de Lisboa