O Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC) e a Portway Handling de Portugal não chegaram a acordo quanto à definição dos serviços mínimos para a greve agendada para entre 26 e 28 de agosto em quatro aeroportos.
A estrutura sindical esteve reunida na sexta-feira, dia 12 de agosto, com a Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT) e com a Portway.
“Esta reunião foi mais do mesmo. Não houve qualquer consenso, como tem sido apanágio nas reuniões com a Portway. Não chegámos a conclusões concretas ou a acordo para a definição dos serviços mínimos”, adiantou o dirigente do SINTAC Pedro Figueiredo, em declarações à agência de notícias ‘Lusa’.
O dirigente lamentou os constrangimentos que a paralisação vai causar a todos os utentes e garantiu que o sindicato continua disponível para chegar a um entendimento.
Em 10 de agosto, o SINTAC avançou com um pré-aviso de greve, que abrange os trabalhadores da Portway dos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro e Madeira, para 26, 27 e 28 de agosto.
“Em causa está a política de RH [recursos humanos] assumida ao longo dos últimos anos pela Portway, empresa detida pelo Grupo VINCI Airports, de confronto e desvalorização dos trabalhadores por via de consecutivos incumprimentos do Acordo de Empresa, confrontação disciplinar, ausência de atualizações salariais, deturpação das avaliações de desempenho que evitam as progressões salariais e má-fé nas negociações”, indicou, na altura, o sindicato, em comunicado.
O pré-aviso prevê a paralisação geral dos trabalhadores da empresa de assistência em terra, nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro e Madeira, com início às 00h00 do dia 26 de agosto e fim às 24h00 de 28 de agosto.
O SINTAC acusa ainda a empresa de promover um “clima de terror psicológico, onde proliferam ameaças e instauração de processos disciplinares, criando uma instabilidade social sem impar na história da empresa”.
Assim, os trabalhadores reivindicam o cumprimento do Acordo de Empresa de 2016 e uma avaliação de desempenho que não sirva para evitar progressões.
Pedro Figueiredo disse ainda à Lusa que não ficou marcada uma nova reunião com a empresa e perspetivou uma forte adesão à greve agendada.
“O SINTAC é o maior sindicato privado da aviação, que não está ligado a uma central sindical. Quando fizemos uma greve em 2019, tivemos 90% de adesão […]. A nossa expectativa é que seja uma adesão em grande escala. Em 2019 ainda não tínhamos a perceção do que iria ser a próxima gestão. Agora temos. A adesão será forte e lamentamos os impactos”, assinalou.
Antes do final da reunião com o sindicato e a DGERT, a Portway divulgou uma nota aos seus trabalhadores, a que a Lusa teve acesso, na qual disse “ter sido surpreendida” pelo pré-aviso de greve, emitido “em plena época de férias, e quando a atividade do turismo e da aviação inicia a sua tão esperada e necessária recuperação”.
A Portway referiu ainda que os motivos alegados pelo sindicato “não correspondem à realidade da empresa” e que vai continuar a privilegiar o diálogo.
No documento, a empresa assegurou que sempre cumpriu os seus compromissos financeiros e destacou que as atualizações que aconteceram desde 2019 representaram um aumento de 11% nas remunerações dos trabalhadores.
Em resposta, o sindicato considerou que a empresa “tem por hábito enviesar e dar a crer que os dados divulgados não são corretos”, sublinhando que, “se houvesse boa fé e seriedade” por parte da Portway, seria possível chegar a outro desfecho.