O Aeroporto de Macau está em negociações com duas transportadoras aéreas, uma delas de voos ‘charter’, para avançar com ligações diretas para Lisboa, revelou Eric Fong, diretor de marketing aeroportuário, ao jornal de língua portuguesa ‘Tribuna de Macau’.
É resultado do recente anúncio da liberalização do mercado e consequente perda do monopólio da Air Macau nas ligações aéreas do antigo território português do Oriente, reintegrado na China desde 1999, e desde então denominado Região Administrativa Especial de Macau (RAEM).
O jornal macaense escreve, citando Eric Fong, que as negociações com a Turkish Airlines deverão ter resultados mais concretos até ao final do primeiro trimestre deste ano.
O plano para criar uma ligação aérea direta entre Macau e Lisboa registou alguns progressos, depois da ‘Tribuna de Macau’ ter noticiado em novembro do ano passado que a Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau (CAM) estava em “contactos com várias agências de viagens da China Continental com vista a lançar voos ‘charters’ entre os dois destinos, “na melhor das hipóteses até ao final de 2019”.
O diretor do departamento de marketing da CAM revelou que a companhia está a negociar com duas transportadoras, para que passem a existir voos diretos entre a RAEM e Lisboa. Para além da TAP, “companhia à qual a CAM dá mais preferência”, os contactos envolvem ainda uma empresa que se dedica exclusivamente aos serviços de ‘charter’, cujo nome Eric Fong preferiu não revelar.
Segundo o mesmo responsável, para além de ainda estar a ser analisada a viabilidade do itinerário em termos de direitos de navegação aérea, essa companhia tenta avançar com a aquisição de voos, processo que “não está fácil”.
No mesmo sentido, as negociações com a Turkish Airlines para operar um voo comercial entre Macau e Istambul ainda duram, mas esperam-se mais informações até Março. “Ainda estamos à espera da decisão final deles. Como mencionaram há muito tempo que gostariam de operar em Macau, continuamos a trabalhar com a sede e o gabinete deles em Cantão. Vamos dar mais detalhes talvez ainda no primeiro trimestre”, disse Eric Fong à ‘Tribuna de Macau’.
Recorde-se que a TAP foi a primeira companhia europeia a voar para Macau, em Abril de 1996. O aeroporto, construído no tempo da administração colonial portuguesa, foi inaugurado em novembro de 1995. Durante os primeiros anos a rota era feita em cooperação com a extinta companhia aérea belga Sabena. Os então novos Airbus A340-300 da TAP faziam uma escala em Bruxelas e o voo passava a ser da Sabena até Macau, se bem com avião português. A Sabena tinha direito a vender 60 lugares em Classe Económica e 10 na Classe Executiva. Uma linha que foi sempre deficitária em termos de exploração.
Em Abril de 1997 a TAP optou por realizar o voo com uma escala em Banguecoque, na Tailândia, assumindo a operação total até Macau. Mesmo assim não resultou. Os problemas prendiam-se mais com o tipo de avião escolhido para a operação, comentou-se na altura. Nos últimos meses de exploração da rota a TAP chegou a fazer uma escala em Istambul, na Turquia, no regresso à Europa, tendo explorado nessa época o transporte de carga, quer da Tailândia, quer da Turquia, para Lisboa, a par dos passageiros. Mas tratava-se de um percurso muito longo, com cerca de 19 horas de viagem, com duas escalas, que desmotivava os viajantes.
A rota da TAP para o Oriente terminou a 31 de outubro de 1998, 30 meses após o início, com vultuosos prejuízos para a companhia e no meio de uma polémica que envolveu a administração da TAP, membros do Governo da República, em Lisboa, e o Gabinete do último Governador de Macau, general Rocha Vieira. Desde então Macau deixou de ter voos comerciais diretos e regulares para a Europa.