A Copa acabou, e os campeões fizeram parte da história da aviação em muitos momentos marcantes. Mas talvez, no que diz respeito à linha aérea, sua eterna marca foi numa improvável aliança com os vizinhos do outro lado do canal. Franceses e ingleses construíram um dos mais icônicos jatos de linha aérea da história, uma unanimidade entre entusiastas, engenheiros e tripulantes do mundo todo: o Concorde.
Como contei no artigo em que fui ao jogo do Brasil em Liverpool, estava devendo uma visita ao Runway Visitors Park, no aeroporto de Manchester, Reino Unido. E ontem, finalmente, consegui honrar o compromisso. Após 20 minutos de trem até o aeroporto e uma vigorosa caminhada de meia hora sob o sol do verão britânico, cheguei ao complexo que traz atividades para um dia inteiro para qualquer pessoa que, como nós, goste de avião. Já na entrada, você dá de cara com o Trident, cuja marca na história não é menos indelével. Se hoje qualquer bom airliner faz pouso automático, isso começou com os ingleses, que como se sabe, não têm dos melhores climas sobre suas cabeças. Em março de 1964 o Trident fez seus primeiros autolands, e em 1967 essa pequena revolução na aviação entrou em serviço.
Ao seu lado, há um Nimrod. Versão de reconhecimento marítimo do lendário Comet, o Nimrod é equipado com sonares, radares, e uma imensa variedade de aparelhos eletrônicos que fizeram dele uma das principais armas de inteligência durante a Guerra Fria. Ele também atuou em outros conflitos, mas boa parte do seu legado é de paz: capaz de detectar naufrágios e sobreviventes como poucas aeronaves da sua época, o peculiar desenho do Nimrod foi a primeira coisa que centenas de pessoas resgatadas ao longo dos anos viram após seus desastres em alto mar. Hoje, a principal aeronave a desempenhar seu papel é o belo P-8 Poisedon, versão militar do 737-800.
Mas, além desses e outros dois aviões, do espaço incrível para spotters bem próximo à pista do aeroporto, restaurante, uma engrenada pilot shop e até um pequeno museu, a grande atração do Runway Visitors Park é o flagship da British Airways: o Concorde matrícula G-BOAC. Como qualquer outro Concorde, esse também é lindíssimo. O tour, que precisa ser comprado com antecedência na internet, inclui uma hora de visitas e informações na cabine de passageiros, de comando e ao redor da esguia aeronave. Capaz de voar a 2.2 vezes a velocidade do som, o Concorde era duas vezes e meia mais veloz que os atuais jatos de passageiros. Poder entrar nele e conhecê-lo de perto, nos faz refletir sobre a experiência única que deveria ser tripular, voar ou apenas assistir essa máquina incrível decolar. Um programa altamente recomendado para qualquer um que queira saber mais sobre um momento único na História da humanidade: quando resolvemos retroceder na tecnologia e nos contentamos em levar seis horas para atravessar o Atlântico ao invés de três.
À noite, pouco depois de o sol esconder-se no horizonte e ainda encantado com a visita, vi a pista 23R de Manchester novamente, mas agora através da simbologia verde do Head Up Display. Pousei na manhã seguinte do deserto na pista 34R da próxima sede da Copa do Mundo. Encabulado com meu mach 0.84? Não exatamente. Talvez o Dreamliner seja em alguns pontos oposto ao Concorde, embora esteja entre os mais velozes dos jatos atuais. Não é nada mal voar na aeronave mais avançada e econômica da sua época, não é mesmo? O Concorde que o diga.
Boa tarde caro Enderson!
Acabo de ler mais uma de muitas publicações do amigo que vou seguindo qdo tenho tempo disponível.
Uma pergunta curiosa: já alguma vez viajou ou aterrou na ilha da Madeira????
Oi, Fernando! Muito obrigado pelo comentário! Infelizmente ainda não, mas a Madeira habita a minha wishlist faz tempo, e já que provavelmente não a conhecerei a trabalho, quem sabe o faça nas férias! Um abraço!