O ex-secretário de Estado do Tesouro Miguel Cruz assegurou nesta terça-feira, dia 30 de maio, perante a comissão parlamentar de inquérito à TAP, na Assembleia da República, em Lisboa, que a “obrigação da venda da TAP não fazia parte do plano de reestruturação”, reiterando que sem a intervenção do Estado não haveria atualmente companhia aérea.
Miguel Cruz foi questionado pelo deputado do Partido Social Democrata (PSD) Paulo Moniz sobre se o plano de reestruturação aprovado pela Comissão Europeia (CE), em Bruxelas, em dezembro de 2021 inclui a exigência a venda da companhia aérea.
“A obrigação da venda da TAP não fazia parte do plano de reestruturação”, respondeu o ex-governante.
No entanto, segundo Miguel Cruz, sempre houve muita clareza de que se via com “muita dificuldade”, tendo em conta o mercado, a posição “da generalidade das companhias sem exercícios de consolidação”.
Questionado sobre o plano de reestruturação e os cortes que este impôs, o antigo secretário de Estado assegurou que “ninguém tomou estas decisões” com qualquer nível de satisfação, recordando que, devido à pandemia, a “TAP estava parada, com um consumo de tesouraria enorme” e sem qualquer perspetiva para retomar a atividade.
Miguel Cruz disse que era preciso criar condições para que “a TAP sobrevivesse” e “foi isso que foi feito”.
Segundo o ex-governante, a estratégia da intervenção tinha subjacente a sobrevivência da companhia aérea e as condições para no futuro voltar a contratar, recordando que as estimativas eram de uma “recuperação mais lenta”.
“Se não tivéssemos intervindo como interviemos na altura, não tínhamos TAP para estar aqui a discutir”, defendeu.
Na semana passada, na audição na mesma comissão de inquérito, o ex-administrador financeiro da TAP João Gameiro disse acreditar que a privatização da companhia aérea estava subjacente à aprovação da reestruturação pela Comissão Europeia, embora não se recorde que esteja mencionado no plano ou na comunicação com Bruxelas.