A associação ambientalista Zero denunciou nesta semana que os voos noturnos sobre Lisboa “quase triplicaram” na última semana, constituindo “244 razões para pôr em prática o plano de ação contra o ruído dos aviões na região”.
A Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável acrescenta em comunicado que está a monitorizar os movimentos aéreos no Aeroporto Humberto Delgado realizados ao abrigo da portaria governamental 252-A/2022, que autoriza voos noturnos sem limites no período entre 18 de outubro e 28 de novembro por motivo de atualização do sistema de controlo tráfego aéreo.
A associação diz ter verificado que os voos realizados entre as 00h00 e as 06h00 “mais do que duplicaram em relação ao limite estabelecido na legislação (91 por semana) que a portaria governamental derroga, atingindo na primeira semana um total de 244” movimentos noturnos, “descontando eventuais voos de carga e jatos privados que não são identificados nos sistemas, e 14 voos cuja hora real de partida ou chegada não foi identificada”.
“Estamos, em média, perante 35 ou mais aviões a sobrevoar a cidade todas as noites no período 00:00-06:00, e cerca de seis aviões a passar por hora – um a cada dez minutos –, produzindo níveis de ruído intoleráveis para o descanso dos cidadãos.
A Zero defende que o aumento dos voos noturnos “vem tornar ainda mais urgente a aplicação do Plano de Ações de Gestão e Redução de Ruído para o Aeroporto Humberto Delgado, que está esquecido sobretudo no que diz respeito às obras de isolamento acústico de edifícios”.
A associação ambientalista acrescenta que continuará a acompanhar a situação nas próximas semanas e que “aguarda com expectativa a prometida publicação pelas autoridades dos dados relativos ao número de pessoas afetadas por níveis de ruído superiores a 45 decibéis entre as 23:00 e as 07:00”.
A Zero afirma que desde que disponibilizou no seu site, em julho passado, um formulário de recolha de reclamações sobre o ruído provocado pelos voos noturnos já recolheu mais de três centenas de reclamações, as quais fará chegar à ANA Aeroportos de Portugal, à Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) e ao município de Lisboa.