O ministro das Infraestruturas e da Habitação, que detém a tutela dos transportes aéreos no atual Governo Português, não tem gostado da maneira como a Ryanair se tem posicionado nos últimos tempos, sobretudo depois de ter sido anunciado o apoio estatal à TAP. Inclusive o presidente executivo da companhia irlandesa, em recentes declarações à agência ‘Lusa’, disse que iria interpor uma ação contra o Estado Português por, supostamente, estar a contrariar as diretivas europeias.
Nesta quinta-feira, dia 15 de setembro, segundo refere o ‘Jornal Económico’ na sua edição online, o ministro Pedro Nuno Santos, que nos últimos meses, e no processo de reestruturação do Grupo TAP, se tem destacado por dizer o que pensa, mesmo que nalgumas vezes, contrariando a prática do Executivo liderado pelo primeiro-ministro António Costa, criticou a Ryanair por ter feito críticas ao auxílio estatal recebido pela TAP, quando a companhia low cost irlandesa também recebe ajudas do Estado português.
“A Ryanair tem sido acusada pelos seus trabalhadores e condenada por não respeitar a legislação do nosso País, em matéria de subsídio de férias e de indemnização por despedimento. Há consequências gravosos para quem trabalha nestas companhias aéreas”, começou por dizer Pedro Nuno Santos.
“A companhia aérea interpôs uma ação contra o Estado português, ou diz que vai interpor” devido ao empréstimo estatal de 1.200 milhões de euros recebido pela TAP e aprovado pela Comissão Europeia.
O ministro apontou que a empresa irlandesa é “subsidiada pelo Estado português para voar para o Porto, Faro, Açores e subsidiada por quase todos os países europeus”.
“É um paradoxo e uma falta de vergonha que têm quando se dirigem ao auxílio para a TAP”,
criticou o ministro Pedro Nuno Santos.
No início de setembro, o presidente executivo da Ryanair, Eddie Wilson, disse que o empréstimo estatal concedido à TAP é “escandaloso”, considerando ser o “o maior desperdício de dinheiro de sempre em Portugal”, em entrevista à ‘Lusa’.
Na audição parlamentar na comissão de Economia, nesta quinta-feira, dia 15 de setembro, na Assembleia da República, em Lisboa, o ministro apontou que a Ryanair está a “queimar” 250 milhões de euros por mês, enquanto a Lufthansa “queima” 500 milhões por mês, disse, referindo-se ao facto destas companhias aéreas manterem várias rotas a operar, mesmo com poucos passageiros e sem dar lucro.
“Não temos capacidade” para enveredar por essa estratégia, assumiu, defendendo que é preciso fazer uma “gestão mais criteriosa”.
Pedro Nuno Santos também apontou que a Ryanair era a empresa que estava numa “situação mais favorável para enfrentar a crise”, referindo-se à almofada de liquidez de que disponha antes da pandemia de covid-19.