Jorge Ponce de Leão, presidente do conselho de administração da ANA-Aeroportos de Portugal garantiu nesta quarta-feira, dia 23 de Julho, durante uma entrevista no programa “Negócios da Semana”, no canal televisivo português SIC Notícias, que o futuro da unidade aeroportuária de Beja, no Alentejo, Sul do País, não estará “necessariamente” associado ao tráfego de passageiros. Para complementar o negócio da aviação civil, que não é considerado prioritário, irá ali ser instalada uma empresa especializada em “desmantelamento de aviões”. As negociações estão “muito avançadas” para que a sua instalação se concretize “a curto prazo”, adiantou o presidente da empresa.
O investimento entretanto efectuado na construção do novo aeroporto “já não é um problema” para o contribuinte. Os cerca de 34 milhões de euros que custou a infra-estrutura, sem contar com os encargos já suportados com juros e manutenção do equipamento, “foi descontado no preço pago pela concessão” da ANA – Aeroportos de Portugal à empresa francesa Vinci, revelou Ponce de Leão. Uma auditoria do Tribunal de Contas realizada em 2010 ao Aeroporto Civil de Beja concluía que o empreendimento custaria “74 milhões de euros”.
O projecto dimensionado e apresentado para “promover o desenvolvimento da região” baseado em actividades ligadas ao transporte de passageiros e carga, à indústria aeronáutica (produtos semiacabados, de fabrico de componentes aeronáuticos ou de manutenção de aeronaves) e formação e logística foi contemplado com um parque de sucata. É um “negócio florescente”, fundamental para viabilizar uma infra-estrutura que “ainda apresenta resultados negativos”, reconhece o presidente da ANA, admitindo que o panorama será invertido com o negócio do desmantelamento de aeronaves.
A solução avançada por Ponce de Leão já tinha sido aflorada pela ANA no final de 2009. Naquele ano já se admitia que o Aeroporto do Alentejo iria ter “um arranque muito difícil”.
Como não eram conhecidos operadores interessados em utilizar o aeroporto, a ANA estabeleceu naquele ano que a primeira fase de utilização do novo equipamento passaria pelo parqueamento de aviões inactivos que ocupavam espaço noutros aeroportos. E só então, “lá para 2014, é que se pode pensar no tráfego de passageiros”.
- Notícia publicada pelo jornal ‘Público’, que se edita em Lisboa