Foram cancelados nesta segunda-feira, dia 12 de agosto, cerca de 180 movimentos de aviões no Aeroporto Internacional de Hong Kong, no sul da China, devido aos tumultos que atingiram desde o fim-de-semana a infraestrutura aeroportuária da antiga colónia britânica no Delta do Rio das Pérolas. O aeroporto movimenta por dia cerca de1.000 aeronaves (aterragens e descolagens), nomeadamente voos intercontinentais.
Face à invasão das instalações por cerca de cinco mil manifestantes, que se reuniram dentro dos terminais do aeroporto, os responsáveis decidiram ao fim da tarde locais (pelas 19h00 – 10h00 UTC) suspender os serviços de check-in de passageiros e avisar as companhias aéreas cujos aviões demandavam Hong Kong , que os movimentos estavam suspensos e que, em princípio o tráfego só será retomado pelas 06h00 locais de terça-feira, dia 13 de agosto. Alguns aviões tiveram de divergir e esperar em aeroportos de outros países asiáticos, nomeadamente na Indonésia, Malásia, Filipinas e China continental. Outras companhias, nomeadamente do Médio Oriente, regressaram aos aeroportos de origem.
As manifestações anti-governamentais decorrem desde há dois meses na Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK), contra o regime de Pequim que os manifestantes acusam de centralista e anti-democrático. Têm sido recorrentes os confrontos com a polícia e entre os manifestantes há uma percentagem muito grande de jovens, nomeadamente estudantes universitários.
Na semana passada funcionários governamentais avisaram os responsáveis da Cathay Pacific, companhia aérea com sede no território, que deveriam demitir todos os funcionários que participam nessas manifestações e reservou-se no direito de prendê-los, caso chegassem a território do continente referenciados como tendo tomado parte nos tumultos que têm paralisado algumas zonas da RAEHK.
A Cathay Pacific, pressionada pela China, advertiu já os seus funcionários para não participarem em “protestos ilegais” em Hong Kong. A Direção Geral da Aviação Civil chinesa exigiu da Cathay Pacific, na sexta-feira, dia 9 de agosto, os nomes dos tripulantes que seguem nos aviões com destino à China, ou que passem pelo espaço aéreo do país. Pequim afirmou que os funcionários que apoiam o movimento pró-democracia não seriam autorizados aos voos.
“A Cathay Pacific tem uma política de tolerância zero a respeito de atividades ilegais. Em particular, no contexto atual, existirão consequências disciplinares para os funcionários que apoiem ou participem em protestos ilegais”, afirmou a empresa. “As consequências podem ser graves e implicar a rescisão do contrato de trabalho”, ameaça o comunicado.
Não é a primeira vez que estas manifestações afetam o movimento aeroportuário.
Há uma semana, uma greve geral convocada por manifestantes anti-governo provocou o cancelamento de diversos voos internacionais. Na ocasião, o governo local alertou para uma “situação muito perigosa” devido aos protestos, que já duram há dois meses.
Os protestos começaram depois que o governo local apresentou um projeto de lei — atualmente suspenso — que permitia a extradição de detidos para a China continental. A partir daí as posições de ambos os lados radicalizaram-se, tendo um grupo de muitas centenas de jovens destruído as instalações da Assembleia Legislativa de Hong Kong. Na resposta a polícia provocou algumas dezenas de feridos.