“A SATA trabalha com previsões meteorológicas feitas com oito a nove horas de antecedência e, por vezes, quando o avião opera na Horta, as condições climatéricas estão mais favoráveis do que o inicialmente previsto”, recordou o presidente da Câmara Municipal da Horta (ilha do Faial, no arquipélago dos Açores), Carlos Ferreira, apelando a um maior rigor na atualização dos dados sobre o estado do tempo nas ilhas.
Em causa estão as viagens efetuadas pela companhia aérea açoriana Azores Airlines, entre Lisboa e o Aeroporto da Horta, onde os aparelhos Airbus A320 operam com penalizações, devido à dimensão da pista (cerca de 1.650 metros de extensão), agravadas quando as condições climatéricas são mais adversas.
O autarca admitiu que, nalguns casos, o estado do tempo terá sido determinante para a decisão do piloto de não transportar carga, privilegiando as questões de segurança.
Contudo, noutros casos, ter-se-á tratado apenas de “falha de informação” no aeroporto de partida, acrescentou.
Também António Macedo, agente de viagens no Faial, disse não compreender que os passageiros cheguem à ilha, em pleno Verão, apenas com a roupa que têm vestida, alertando para a má imagem que esta situação representa do destino Açores.
“Sinceramente não vemos explicações para o que está a acontecer”, lamentou o empresário, em declarações à agência de notícias ‘Lusa’, recordando que alguns voos com destino à Horta colocaram combustível à chegada, o que significa que não terão atestado em Lisboa.
Na sua opinião, os passageiros deviam ser informados à partida da possibilidade de a sua bagagem não seguir no mesmo avião, permitindo que pudessem optar por colocar alguns artigos essenciais entre a bagagem de mão, evitando contratempos no destino.
“Ainda nestes dias tive uma situação bastante desagradável com um grupo de 70 espanhóis, que vieram ao Faial, especificamente para um casamento, e que não tiveram a indumentária que pretendiam para participar nesse ato”, recordou António Macedo.
Dejalme Vargas, responsável pelo grupo de cidadãos ‘Aeroporto da Horta’, considerou também que a imagem do Faial está a ser “fortemente penalizada” pela SATA, ao deixar, sucessivamente, para trás a bagagem dos passageiros com destino à Horta.
“Há pessoas que vêm ao Faial por cinco dias e que só recebem a bagagem ao quarto dia e até pessoas que só após regressarem é que recebem as suas malas”, relatou Dejalme Vargas, lamentando que a situação ocorra apenas no Aeroporto da Horta, que é gerido pela ANA/VINCI.
Confrontada com estas críticas, a SATA justificou a retenção de bagagem no Aeroporto de Lisboa, nos voos para a Horta, com as condições meteorológicas adversas que se fizeram sentir nos últimos dias nos Açores e com as condicionantes da pista.
“Esta circunstância, alheia à companhia aérea, obrigou a conceder no transporte de bagagem e carga para salvaguarda da segurança da operação aérea, tendo em conta a necessidade de assegurar o abastecimento de combustível adicional”, adiantou a empresa, em comunicado.
Apesar de estar consciente do incómodo que estas situações causam aos passageiros, a SATA acrescentou ainda que procurou assegurar que a entrega das bagagens em falta fosse garantida “na primeira oportunidade”, de preferência no dia imediatamente a seguir ao voo em que ocorreu a irregularidade.
A SATA já realizou, entretanto, um voo extraordinário entre Ponta Delgada e a Horta durante o passado fim de semana e prevê realizar um segundo voo só para transportar a bagagem retida no Aeroporto de Lisboa.